24/06/2009

Primeira unidade industrial de vermicompostagem em Portugal

Segundo o promotor do projecto, as obras de construção da primeira unidade industrial de vermicompostagem de Beja, previstas para começar no início do passado mês de Março, “só arrancaram na semana passada” e deverão terminar “no final de Setembro” , devendo começar a funcionar “em Outubro”.
A confirmar-se a previsão, a unidade de vermicompostagem de Beja, onde milhares de minhocas vão transformar resíduos orgânicos e lamas em bionutriente, será a primeira com dimensões industriais em Portugal, onde só existe a unidade piloto de média dimensão incluída no Centro Integrado de Tratamento de Resíduos do Vale do Ave, em Riba de Ave, no concelho de Vila Nova de Famalicão.
O responsável justificou o atraso no início da construção da unidade de Beja com a necessidade da empresa “concentrar esforços” na unidade piloto de Riba de Ave, que começou a funcionar no início de Março deste ano.
Aquela Unidade de Valorização de Resíduos Orgânicos por Vermicompostagem de Beja ficará instalada no Parque Ambiental da Associação de Municípios Alentejanos para a Gestão do Ambiente (AMALGA), situado a 11 quilómetros daquela cidade alentejana e irá tratar 15 mil toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU) e lamas provenientes de estações de tratamento de águas residuais (ETAR), produzindo 1.500 toneladas de bionutriente por ano.
Além das minhocas, que “fazem grande parte do trabalho”, deverá operar com “seis a oito” funcionários, já que o sistema de vermicompostagem “é muito mecanizado” 1.
A vermicompostagem, também conhecida por ‘minhocultura’, é um processo biológico que, através da acção de microrganismos, como as minhocas, permite transformar a matéria orgânica dos RSU e das lamas de ETAR em adubo orgânico, conhecido como composto ou bionutriente e utilizado como fertilizante.
O processo começa com a preparação dos RSU e das lamas através de compostagem, ou seja, um processo natural de decomposição através de microrganismos e que elimina bactérias e vírus. Depois, as minhocas devoram grandes”quantidades de matéria decomposta e resíduos orgânicos, que, após transformados nos seus intestinos, são expelidos sob a forma de húmus (substância resultante da decomposição de matéria orgânica).
“As minhocas absorvem o alimento pelos poros e expelem um produto sem cheiro e com 21 componentes, todos naturais” que o húmus, depois de seco e crivado numa máquina, para o separar das partículas inúteis, é depois comercializado como bionutriente. É “cem por cento natural”. “A contrário dos adubos químicos, o bionutriente é logo aceite pela terra, não a agredindo, e não necessita de tanta água para ser diluído”.
Vendido sob a forma compacta ou líquida, em garrafas de soro, o bionutriente pode ser utilizado em campos agrícolas ou para adubar outros terrenos, como relvados, jardins ou mesmo vasos de flores.
Depois de Palmela (Setúbal), onde tem a funcionar um centro de experimentação desde finais de 2006, de Riba de Ave e de Beja, a empresa quer continuar a alargar a vermicompostagem a outros concelhos do país, prevendo abrir uma outra unidade, até ao final deste ano, no município de Nordeste, na Ilha de São Miguel, nos Açores, e a participar em concursos públicos para o tratamento de RSU, lamas de ETAR ou outros tipos de resíduos 2.

1. Ver http://osverdesemlisboa.blogspot.com/search?q=Vermicompostagem
2. Ver Lusa doc. nº 9820299, 22/06/2009 - 11:45

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