Em boa verdade, Portugal há demasiados anos que vem vindo sendo governado pelo bloco central alternando entre PS e PSD, num contínuo de políticas de direita que se caracterizam pelo ataque ao Estado, desresponsabilização das suas tarefas, privatizações, puras e duras ou disfarçadas de concessões por 20, 30, 50 ou 70 anos a privados, ataques aos direitos e conquistas democráticas dos cidadãos e trabalhadores portugueses, emagrecimento do Estado na lógica de que menos Estado é melhor Estado, subserviência a uma União Europeia que tem servido os grandes Estados com o enfraquecimento do tecido produtivo e económico, numa contínua divergência da média europeia.
Este caminho não é exclusivo nem da direita nem do PS. É comum a ambos. Com meras diferenças de estilo, de rostos, de cores, de slogans, as políticas, no fundo no fundo, são as mesmas.
Nesta altura, todos lavaram as mãos das responsabilidades pretendendo que esta crise se deve apenas à ganância de alguns, associada à falta de regulação dos mercados. A nível Europeu Durão Barroso veio dizer que o problema foi da falta de ética existente nos mercados e dos Estados Nacionais que não tomaram as devidas medidas atempadamente. A nível nacional José Sócrates culpou o Neoliberalismo.
Lê-se na sua Moção apresentada no último Congresso do PS:
“O mundo acaba de assistir à clamorosa derrota do pensamento político neoliberal (…) a liberalização dos mercados, sem intervenção relevante dos mecanismos de regulação; a rendição a mercados financeiros extremamente especulativos e cada vez mais distanciados da economia real; o ataque sistemático ao Estado social; a miragem do lucro fácil e o escandaloso aumento dos rendimentos auferidos por gestores e empresários especulativos; o desprezo pelas classes médias e populares – tudo isso contribui para uma crise mundial sem precedentes. A crise que hoje vivemos. (…) Esta crise não pode ser resolvida recorrendo aos princípios, às práticas e às políticas que a provocaram.”
Longe de assumir as suas responsabilidades, Sócrates veio tentar sacudir a água do capote. Tem toda a razão quando diz que se acaba de assistir à derrota do pensamento político neoliberal e que esta crise não pode ser resolvida recorrendo às políticas que a provocaram.
O que não diz é que PS, tal como a restante direita, foi obediente adepto dessas políticas e seu fervoroso acólito. Ou então teríamos que acreditar que todas aquelas coisas que Sócrates vê na economia mundial ou dos outros países (Estado sem regulação capaz, especulação desenfreada nos mercados financeiros, ataque sistemático ao Estado social, a miragem do lucro fácil, o escandaloso aumento dos rendimentos auferidos por gestores e empresários especulativos, o desprezo pelas classes médias e populares) as quais são responsáveis pela actual crise, não existiram nem existem em Portugal! Infelizmente não é verdade! Se o falhanço do Banco de Portugal no caso BPN, não é falhanço da regulação, o que é? Se os lucros da Galp e EDP não são especulação do mercado de energia o que são? Se os chorudos ordenados e prémios auferidos por gestores e administradores, mesmo que deixem as empresas escorregar para a falência, não são escandalosos, o que é que são? Se os cortes salariais e congelamento no poder de compra não são o desprezo pelas classes populares o que é que são?
Neste momento, mais do que nunca, é importante que ninguém se deixe enganar, principalmente na altura de votar. Vote CDU!»
Ler Francisco Madeira Lopes, deputado de “Os Verdes” IN www.cdu.pt/index.php?option=com_myblog&show=Socialismo-Neoliberal-.html&Itemid=97
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