12/05/2007

Contra a fome, marchar, marchar

Segundo um estudo publicado em Janeiro na revista médica britânica “The Lancet”, 219 milhões de crianças em todo o mundo com menos de cinco anos não desenvolvem o seu potencial intelectual devido à fome, à má alimentação e à pobreza. A fome e a desnutrição afecta as capacidades cognitivas, motoras e sócio-emocionais das crianças, pelo que estas terão, segundo os investigadores, dificuldades na escola e, como consequência, “um trabalho precário com baixo rendimento, alta fertilidade e possivelmente cuidarão mal dos seus filhos, contribuindo desta forma para a transmissão da pobreza entre as gerações”.
É neste sentido que se realiza domingo em Lisboa, Porto, Coimbra e Açores, a marcha internacional de solidariedade contra a fome intitulada “Walk the World 2007”. A marcha é uma iniciativa do Programa Alimentar das Nações Unidas e reverte para o “School Feeding Programme”, um projecto que oferece refeições escolares a 21,7 milhões de crianças carenciadas em 74 países. A iniciativa envolve 365 cidades em cerca de 100 países em todo mundo e visa, não só angariar fundos, mas também sensibilizar as pessoas para o problema da fome, que afecta cerca de 850 milhões de pessoas no mundo, 400 milhões das quais crianças.
A organização esclarece que a inscrição de três portugueses nesta Marcha Alimentar Contra a Fome, é suficiente para alimentar e educar uma criança em África durante um ano. O responsável pela organização portuguesa afirmou que “fazer alguma coisa contra a fome no mundo é uma questão moral e uma causa justa”, sublinhando que “bastam 27 euros para alimentar e educar uma criança por ano dentro do Programa Alimentar das Nações Unidas”. “Queremos mobilizar cerca de 20 mil pessoas em Portugal para angariar 200 mil euros, destinados a projectos escolares e alimentares na Tanzânia, que vão permitir educar oito mil crianças durante um ano e que farão parte dos objectivos a nível mundial, nomeadamente a angariação de um total de dois milhões de euros”.
Em Portugal, as Marchas contra a Fome realizam-se em Lisboa (na Torre de Belém), no Porto (Cais de Gaia), em Coimbra (Praça D.Dinis) e nos Açores (Angra do Heroísmo) e a inscrição individual para cada participante é de 10 euros 1.
Não pretendendo pôr em causa o mérito da iniciativa, perante a grave situação social e o desemprego que o nosso país atravessa, seria preferível os destinatários dos fundos da marcha ficarem ‘cá dentro’ e assistirmos a uma marcha alternativa: contra a fome e a precariedade em Portugal, marchar, marchar…
Quantas sedas aí vão,
Quantos brancos colarinhos,
São pedacinhos de pão
Roubados aos pobrezinhos!
António Aleixo

2 comentários:

Anónimo disse...

Não posso acreditar que se esteja a comparar a probreza em Portugal com a pobreza em África.

Sobreda disse...

Caro leitor Miguel,
Tendo em consideração a situação social e o desemprego que o nosso país atravessa, veja o artigo "Sobem os indicadores de pobreza em Portugal" publicado no URL http://osverdesemlisboa.blogspot.com/2007/05/sobem-os-indicadores-de-pobreza-em.html