12/05/2007

Mapa de ‘demolições ideais’ na cidade

A iniciativa “Lisboa Ideal”, levada a cabo pela associação cultural Alkantara e a Galeria Zé dos Bois, convidou, entre Fevereiro e Abril, os lisboetas a melhorar a cidade e a propor ideias que a tornassem “ideal”.
Surgiram cerca de 70 projectos que vão ser apresentados neste sábado, num evento na Escola Superior de Dança, na Rua do Século, a partir das 18 horas. Apesar de a iniciativa ter sido proposta aos habitantes da capital, a verdade é que todos estão convidados a conhecer a cidade ideal, porque “mais do que um evento artístico, é uma outra forma de ver a cidade”. “A ideia é que seja um espaço totalmente aberto ao público e que as actividades ocorram em simultâneo e que as pessoas circulem”.
A acção irá decorrer em dois lugares da Rua do Século: no átrio da Escola Superior de Dança, onde serão expostas as propostas, irão decorrer debates e serão projectados os vídeos que chegaram aos organizadores do ‘concurso’, e no Largo do Século, que irá servir de ponto de encontro, com bancas das associações e movimentos cívicos (Quercus, SOS Racismo, Plataforma artigo 65, Comissão do Bairro das Amendoeiras, entre outros) que irão participar nos debates, um palco e um bar.
O ‘concurso’, que foi lançado ‘sem limitações nem instruções’, está integrado na programação do projecto internacional Lugares Imaginários, apoiado pela Comissão Europeia, e cujo tema central é a “Cidade Ideal”. O resultado final do projecto ‘Lugares Imaginários’ será apresentado numa digressão internacional em Setembro e Outubro, que irá passar por Lisboa de 1 a 7 de Outubro.
Por exemplo, a Frente pela Antecipação do Grande Terramoto de Lisboa (FATGL) vai apresentar no evento da Lisboa Ideal, um mapa de demolições que devem ser feitas na cidade. A demolição de Lisboa é vista pelos membros da organização como “uma forma de pensar a cidade em que querem viver”. No mapa das demolições está o túnel do Marquês, e grande parte da periferia de Lisboa, onde, “sobre os montes de entulho se construiriam parques urbanos”, uma solução apontada pelo arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles, e que a organização resolveu citar 1.
Para lisboetas, mas não só, haverá também no Largo do Século um palco onde actuarão nomes promissores da música nacional a partir das 20 horas. Haverá debates pelas 19h15 e 21h15 no átrio da Escola Superior de Dança. Neles se incluem “ideias futuristas, como uma escola de reciclagem, e provocatórias, como um museu de corrupção”. Todas as propostas serão apresentadas através de maquetes, vídeos, fotografias, ou outro suporte de imagem. Ao mesmo tempo irão decorrer “debates que focam questões ambientais, urbanísticas e sociais”. “O essencial é que pessoas com uma frente comum discutam pontos de vista diferentes sobre a cidade”.
Com base em resultados de um inquérito, quase 70% dos inquiridos têm a opinião que Lisboa seria ideal se tivesse mais espaços verdes, seguidos de 66% que achariam a capital perfeita se tivesse casas mais baratas. Em terceiro lugar surge a opinião de 65% dos leitores que gostavam de ver a capital com menos carros 2.

1. Ver Lusa, SIR-8991990
2. Foto: Metro 2007-05-11, p. 6

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