Todos afirmam que foi uma batalha ganha, apesar dos recuos que foram obrigados a fazer, nomeadamente os EUA e a UE. Mesmo as grandes organizações ambientalistas, como a Greenpeace e a WWF, consideraram já não ter sido mau de todo que a reunião de Bali, na Indonésia, se salvasse de um fracasso total.
Porém, a grande questão central - os compromissos concretos dos países para a redução de emissões de gases com efeito de estufa - ficou remetida para decisões em 2009. Há quem se interrogue se este ‘roteiro de Bali’ é mesmo um caminho, pois não tem sítio definido onde chegar.

A voz dos países mais pobres e pequenos e que estão já fisicamente ameaçados pela subida das águas dos oceanos, pelas cheias, secas e tempestades, era de que os EUA “saíssem do caminho” e não impedissem os interessados em liderar o combate às alterações climáticas de actuar em prol do planeta e do ambiente. O representante da Aliança dos Estados das Pequenas Ilhas viria mesmo, mais tarde, a manifestar-se desiludido com os resultados da reunião: “Não valia a pena 12 mil pessoas reunirem-se aqui, em Bali, para conseguir um texto vago. Podíamos ter feito isso por e-mail”.
Por tudo isto, os movimentos ambientalistas oscilam entre a contida satisfação e crítica por resultados pouco concretos. É que, para que a temperatura apenas suba 2º C face aos valores pré-industriais até ao fim do século, seria necessário que, em 2020, os países desenvolvidos reduzissem 25 a 40% as emissões por referência a 1990 e que o valor global dos países estabilizasse em 50% a meio do século.
Muitos dos participantes em Bali e os observadores ecologistas queriam ver estas metas referenciadas no texto principal do ‘roteiro’ porque, alegam, elas têm valor científico e devem servir de base aos compromissos de 2009. Mas os mais ricos impediram-nos de aprovar essa versão do documento.
O facto de o roteiro de Bali não definir compromissos em números e datas foi o mais criticado. Na verdade, o texto reconhece que são necessárias medidas ‘urgentes’, mas apenas a combinar para além de 2009. Entre mãos fica-lhes um planeta adiado.
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