30/12/2007

Mortes escondidas nas estradas

Afinal quantas pessoas morrem em acidentes de viação no nosso país? Nas estatísticas oficiais só contam aquelas que falecem no local do acidente. Nas contagens da UE a esse número acrescenta-se 14%, estimativa do número de feridos graves que acabam por perder a vida a caminho ou já nos hospitais.
Mas, a avaliar por um levantamento feito pela PSP e pelo Ministério Público, em Lisboa essa correcção está longe da realidade. É que, só em Lisboa, morreram três vezes mais pessoas do que as estatísticas oficiais registaram nos últimos dois anos. Mas o Governo diz que nada vai mudar 1.
Devido a uma série recente de atropelamentos em passadeiras ocorridos em algumas cidades do País há que dizer que a culpa onde tal acontece será em grande parte das autarquias. Porque são estas que têm o poder de alterar a situação. Algumas (infelizmente ainda poucas) já introduziram medidas de acalmia do tráfego. Mas isso só por si não é suficiente. É também necessário apostar numa boa sinalização e iluminação das passadeiras, inclusive com os pequenos ‘flashes’ inseridos junto a estas.
Também é necessária a sobreelevação das próprias passadeiras em relação à estrada. Não só as torna mais visíveis como são mais eficazes que as lombas ao obrigarem a uma efectiva redução da velocidade, sob pena de quem não o fizer poder danificar a sua viatura. Estas medidas já são visíveis aqui e ali, mas é importante começar a generalizá-las.
Outra situação tem a ver com o estacionamento abusivo nos passeios, o que faz com que os peões tenham de ir para a faixa de rodagem, expondo-os mais ao perigo. [A CML bem começou a implementar esta medida, cedo vacilou e parou, vá-se lá saber porquê]. Por seu lado, os próprios peões devem ser sensibilizados para apenas atravessarem as passadeiras em absolutas condições de segurança.
Finalmente, outra das medidas de acalmia de tráfego mais eficaz envolve as rotundas, com alguns benefícios em fluidez e segurança do trânsito. Só ainda não são em maior número, porque os autarcas insistem em encarecê-las com chafarizes e outros ornamentos similares 2.
Esperemos que 2008 permita terminar com a agressão automóvel sobre os peões, reduzindo de vez as estatísticas (incluindo as escondidas) de acidentes mortais de tantas vidas humanas.

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