O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, descreveu no passado fim-de-semana o que viu nas suas recentes viagens ao Chile, Antárctida e Amazónia: os maiores tesouros naturais do mundo estão ameaçados pela própria humanidade, que polui ao ponto de pôr em risco a sua sobrevivência.
Parece ficção científica. Mas não é. O que torna tudo mais aterrador.
Ban, que falava em Valência, na apresentação do IV relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) - o grupo de peritos a quem foi atribuído este ano o prémio Nobel da Paz -, pediu aos governos acções concertadas para combater as alterações climáticas e evitar que se concretizem as previsões catastróficas.
O documento faz a síntese de três anteriores relatórios onde os cientistas avisam que os impactos do aquecimento do planeta são inequívocos e irreversíveis. Mais: os delegados dizem que tudo está a decorrer de modo mais rápido do que foi previsto e que o que foi projectado para 2020 e 2030 já está a acontecer.
As emissões de gases com efeito de estufa aumentaram 70% entre 1990 e 2004 e esta subida faz prever que a temperatura também possa aumentar, no cenário mais dramático, mais 6,4 graus centígrados até ao final da década. Se muitos cientistas consideram que acima dos dois graus o planeta ficaria numa posição pouco sustentável - e é para atingir esse patamar que a Europa quer trabalhar -, imagine-se o que poderia acontecer no pior dos casos...
Na comunidade científica, o consenso está praticamente instalado: o aumento da temperatura agravará os fenómenos climáticos extremos: mais cheias, secas, ondas de calor, furacões e o degelo das calotes polares, responsável pela subida do nível do mar.
Mas mais do que validar dados científicos já expressos em relatórios anteriores e reafirmar que há 90% de certezas de que as mudanças no clima se devem às actividades humanas, este documento síntese é uma ferramenta de trabalho essencial para o que aí vem. E foi esta a mensagem que o secretário-geral da ONU quis sublinhar. “Hoje os cientistas falaram de forma clara e a uma só voz. Espero que em Bali os políticos façam o mesmo”, referindo-se ao encontro da Conferência das Partes, que decorrerá na Indonésia no dia 3 de Dezembro.
Ban considera que o relatório do IPCC traz respostas para muitas questões políticas e que o mundo se deve unir para encontrar um sistema que substitua o protocolo de Quioto, cuja vigência termina em 2012.
O relatório sublinha também que já existem mecanismos e instrumentos disponíveis para lutar contra o problema, embora impliquem gastar todos os anos milhares de milhões de dólares. Mas acrescenta que, neste combate, não chega encontrar formas de mitigação da poluição, há que implementar medidas concretas de adaptação, pois as secas, as cheias, as inundações das zonas costeiras acontecerão mesmo que as emissões caiam abruptamente.
As reacções às conclusões dos cientistas não se fizeram esperar. O comissário europeu do Ambiente apressou-se a pegar nas palavras dos peritos para exigir medidas concretas em Bali, enquanto o primeiro-ministro britânico colocou o desafio do aquecimento global não só como uma ameaça ao ambiente mas também à paz e ao desenvolvimento mundial.
Até porque, também neste aspecto, serão os mais pobres a sofrer as consequências mais graves.
Parece ficção científica. Mas não é. O que torna tudo mais aterrador.
Ban, que falava em Valência, na apresentação do IV relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) - o grupo de peritos a quem foi atribuído este ano o prémio Nobel da Paz -, pediu aos governos acções concertadas para combater as alterações climáticas e evitar que se concretizem as previsões catastróficas.
O documento faz a síntese de três anteriores relatórios onde os cientistas avisam que os impactos do aquecimento do planeta são inequívocos e irreversíveis. Mais: os delegados dizem que tudo está a decorrer de modo mais rápido do que foi previsto e que o que foi projectado para 2020 e 2030 já está a acontecer.
As emissões de gases com efeito de estufa aumentaram 70% entre 1990 e 2004 e esta subida faz prever que a temperatura também possa aumentar, no cenário mais dramático, mais 6,4 graus centígrados até ao final da década. Se muitos cientistas consideram que acima dos dois graus o planeta ficaria numa posição pouco sustentável - e é para atingir esse patamar que a Europa quer trabalhar -, imagine-se o que poderia acontecer no pior dos casos...
Na comunidade científica, o consenso está praticamente instalado: o aumento da temperatura agravará os fenómenos climáticos extremos: mais cheias, secas, ondas de calor, furacões e o degelo das calotes polares, responsável pela subida do nível do mar.
Mas mais do que validar dados científicos já expressos em relatórios anteriores e reafirmar que há 90% de certezas de que as mudanças no clima se devem às actividades humanas, este documento síntese é uma ferramenta de trabalho essencial para o que aí vem. E foi esta a mensagem que o secretário-geral da ONU quis sublinhar. “Hoje os cientistas falaram de forma clara e a uma só voz. Espero que em Bali os políticos façam o mesmo”, referindo-se ao encontro da Conferência das Partes, que decorrerá na Indonésia no dia 3 de Dezembro.
Ban considera que o relatório do IPCC traz respostas para muitas questões políticas e que o mundo se deve unir para encontrar um sistema que substitua o protocolo de Quioto, cuja vigência termina em 2012.
O relatório sublinha também que já existem mecanismos e instrumentos disponíveis para lutar contra o problema, embora impliquem gastar todos os anos milhares de milhões de dólares. Mas acrescenta que, neste combate, não chega encontrar formas de mitigação da poluição, há que implementar medidas concretas de adaptação, pois as secas, as cheias, as inundações das zonas costeiras acontecerão mesmo que as emissões caiam abruptamente.
As reacções às conclusões dos cientistas não se fizeram esperar. O comissário europeu do Ambiente apressou-se a pegar nas palavras dos peritos para exigir medidas concretas em Bali, enquanto o primeiro-ministro britânico colocou o desafio do aquecimento global não só como uma ameaça ao ambiente mas também à paz e ao desenvolvimento mundial.
Até porque, também neste aspecto, serão os mais pobres a sofrer as consequências mais graves.
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