30/11/2007

Gases perigosos requerem saída de zona urbana

No início deste ano, a Central de Incineração do Hospital Júlio de Matos tinha de novo voltado a ser sujeita a obras de requalificação por, alegadamente, ultrapassar o valor normal de emissão de gases perigosos para a atmosfera, devido a uma “disrrupção de filtros”.
Durante este período tiveram que ser exportados para a Bélgica cerca de 26 mil toneladas de resíduos hospitalares perigosos, operação que custou uma média de 120 euros por dia, de acordo com a vogal da administração dos SUCH, a qual acrescentou ainda que a exportação de resíduos tem um custo “cinco vezes mais elevado” que proceder ao seu tratamento em Portugal.
A incineradora é a única do país a tratar resíduos, de grande risco biológico, tais como agulhas, cateteres, placentas, fetos ou cadáveres de animais de experiência laboratorial a um ritmo de seis toneladas por dia. Os resíduos perigosos, recolhidos, durante a madrugada, junto de hospitais, clínicas e farmácias são transportados em contentores herméticos para a central. Aí são queimados numa câmara de combustão a uma temperatura de 1100º C. Os gases e as escórias que resultam da combustão são também tratados 1.
Já em Junho do ano passado a CML expressara preocupação acerca da localização deste equipamento, por considerar que se encontrava demasiado próximo de zonas residenciais, tendo afirmado que “mesmo estando salvaguardadas todas as normas e regras de segurança quanto à emissão de poluentes para a atmosfera e à produção de ruído, subsiste sempre uma margem de risco, em caso de falha ou mau funcionamento do sistema, o que face à envolvente humana pode causar fortes impactos”.
Visto essa falha de funcionamento ter ocorrido mais de uma vez, “Os Verdes” requereram na altura informação sobre quais as medidas que a autarquia iria tomar para salvaguardar a segurança das populações próximas 2.
Mais tarde viria a saber-se que existe um projecto do SUCH - Serviço de Utilização Comum dos Hospitais - prevendo a transferência da Central de Incineração para a Unidade de Tratamento do Eco Parque do Relvão, na Chamusca 3.
Mas a preocupação que permanece (literalmente) no ar para os cidadãos é quantas mais vezes vai a caldeira daquele hospital ter problemas ou explodir? Se já foi autorizada a sua remoção para outro distrito do país, porque aguarda o Ministério para implementar essa deliberação? Por novo acidente que volte a pôr em causa a saúde dos residentes naquela área de Lisboa?

2 comentários:

Miguel Carvalho disse...

Aquilo é um cancro em Lisboa há largos anos...

isaxu disse...

Para quem estiver interessado em saber mais sobre a forma de resolver este tipo de problema de maneira SUSTENTAVEL, o texto está em francês, infelizmente não é acessível a todos,pag.92 e seguintes, embora a tese toda seja importante, pois refere-se à logística urbana, que no caso lisboeta é caótica. http://www.unil.ch/webdav/site/igul/shared/Memoires-IGUL/652_Papaux_memoire.pdf

Já agora, é interessante reflectir como é que se pode estar à espera que o cidadão comum não entre numa espiral de crédito, quando a própria câmara vai pedir um empréstimo colossal...para pagar dívidas? E ja agora alguém sabe qual vai ser ataxa de juro e o prazo de pagamento?
Isabel Xufre
Estudante em Master na Faculdade de Geosciences da Universidade de Lausanne