01/11/2007

GEO-4 denuncia letargia ambiental

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) afirma que as maiores ameaças ao planeta, como as mudanças climáticas, a taxa de extinção das espécies e o desafio de alimentar a crescente população, estão entre os muitos problemas que permanecem sem solução e colocam a humanidade em risco.
O alerta está no “Global Environment Outlook : meio ambiente para o desenvolvimento (GEO-4)” 1, relatório do PNUMA publicado vinte anos depois de a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (conhecida por Comissão Bruntland) produzir seu relatório inicial, intitulado o ‘Nosso Futuro Comum’.
GEO-4, o mais recente da importante série de relatórios do PNUMA, avalia o estado actual da atmosfera global, terra, água e biodiversidade, descreve as mudanças desde 1987 e identifica prioridades para a acção. O GEO-4 é o mais abrangente relatório das Nações Unidas sobre o meio ambiente, preparado por cerca de 390 especialistas e revisto por mais de mil estudiosos em todo o mundo.
O relatório reconhece o progresso mundial em solucionar alguns problemas mais imediatos, já que o tema de meio ambiente está agora muito mais próximo da política mundial. Porém, apesar dos avanços, ainda restam questões difíceis de serem tratadas, os chamados problemas ‘persistentes’. Neste caso, o GEO-4 afirma que “não há nenhuma grande questão levantada no Nosso Futuro Comum, cujas tendências previstas sejam favoráveis”.
O fracasso em resolver esses problemas persistentes, afirma o PNUMA, pode causar um retrocesso em todos os avanços alcançados até agora em questões mais simples, além de ameaçar a sobrevivência da humanidade 2.
Mas o problema fundamenta-se em questões muito mais profundas. De facto, o cerne da questão radica na posse e exploração dos recursos naturais mundiais por um grupo restrito de detentores, os quais controlam os custos respectivos e o valor da sua posterior comercialização por milhões de cidadãos. Jamais esse pequeno grupo se preocupará com a democratização do acesso a esses recursos e, muito menos, numa perspectiva de desenvolvimento sustentável 3.
Por isso o relatório do GEO-4 alerta que “vários países com altas taxas de poluição se recusaram a ratificar o Protocolo de Quioto. (...) Alguns sectores industriais, desfavoráveis (àquele) Protocolo conseguiram desmantelar a vontade política para ratificá-lo.” E conclui: “Mudanças fundamentais nas estruturas sociais e económicas, incluindo mudanças no estilo de vida, são cruciais para alcançar rapidamente o progresso” por todos desejado 2.

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