22/06/2008

O que fazer nos terrenos da Portela?

Segundo um arquitecto holandês, responsável por vários estudos sobre aeroportos, Lisboa tem uma “oportunidade única de levar a cabo um bom desenvolvimento sustentável”. Os cerca de 500 hectares que o aeroporto de Lisboa vai deixar livres poderão ser “um milagre na reestruturação da cidade que deve ser bem aproveitado”.
“Não é todos os dias que ficam livres numa cidade 500 hectares de terreno pertencentes na sua totalidade ao Estado. Lisboa tem aqui uma oportunidade única de levar a cabo um bom desenvolvimento sustentável. Pode aproveitá-la bem, ou desperdiçá-la”, acrescentou, à margem do debate “Portela que futuro?”, que decorreu ontem na sede da Ordem dos Arquitectos, em Lisboa.
Dois dos arquitectos defendem que deveria ser elaborada já uma estratégia para o que fazer com aquele espaço depois de o aeroporto sair dali. “Os responsáveis devem começar já a pensar bem como querem aproveitar o espaço e como os projectos poderão ser desenvolvidos em 20 anos, por exemplo”.
A estratégia deve assentar em quatro ideias principais: o tipo de valor que tem aquela área para a cidade e para os seus habitantes; o que poderá ser feito naquele local que não exista em mais parte nenhuma da cidade; apostar na inovação e desenvolvimento (instalar ou não no local universidades, institutos de investigação, etc.); tentar criar exemplos no combate às alterações climáticas 1.
E porque não fazer um parque tipo Central Park como o de New York?
A criação de um parque urbano, à semelhança do Central Park, nos terrenos deixados vagos pelo aeroporto da Portela é outra das ideias comuns às propostas elaboradas para a Trienal de Arquitectura 2007.
Das várias propostas apresentadas na Trienal, uns prescrevem para aquela zona um pulmão verde e um centro de negócios/tecnologia. Outros apostam num “grande parque central” (área verde), em torno do qual se estenderia a cidade. “Utopicamente pode dizer-se que é o Central Park [em Nova Iorque]", porque “a cidade é indissociável da sua componente ecológica”. “Historicamente, o movimento de expansão da cidade desde a Baixa até às Avenidas Novas foi contínuo. O centro de gravidade tem vindo a deslocar-se com o tempo até à zona do Planalto (já nos terrenos da Portela), que já é Loures, e poderia estender-se ainda mais”.
Outra equipa, composta por oito recém-licenciados, apresentou um “simulador urbano” onde os visitantes da Trienal podiam “testar as suas expectativas sobre o que querem ver na Portela” daqui a una anos. “As pessoas mostraram querer um Central Park. Foi o que mais nos surpreendeu”, disse um especialista, que sublinhou a importância de “pensar muito bem qualquer projecto a implementar naquele imenso terreno”.
“Este vazio urbano é tão grande que não se pode trabalhar aquela área à escala de Lisboa. Deve alargar-se a escala e pensar-se no futuro à escala metropolitana” 2.

Sem comentários: