11/06/2008

Bicicletas de uso partilhado

A CML aprovou hoje uma proposta para a criação de uma ‘Rede de Bicicletas de Uso Partilhado’, que consiste num sistema de bicicletas de uso público, através da criação de ‘pontos’ distribuídos pela cidade ‘onde serão disponibilizadas bicicletas, mediante um cartão’, com cerca de 2.500 bicicletas distribuídas por 250 postos na cidade. O sistema, só deverá, porém, ser instalado em Junho do próximo ano (!!), segundo uma previsão do próprio Presidente da CML 1.
Mas a iniciativa está bem longe de ser uma novidade, sendo aliás comum em Aveiro, Braga, Guimarães e Faro - com as conhecidas ‘bugas’, ‘butes’ e ‘bicas’ 2 - ou em cidades europeias, com as ‘Velib’ de Paris e Marselha, ou na Holanda, Dinamarca ou Barcelona 3.
De acordo com alguns proprietários de lojas que alugam bicicletas em Lisboa, “são mais os turistas que procuram” este serviço, havendo algum “desinteresse” por parte dos lisboetas em andar de bicicleta.
Um dos lojistas na Baixa-Chiado diz que “é estranho para os turistas haver poucos ciclistas em Lisboa”, pois eles consideram que “é uma cidade completamente ciclável”. Para este comerciante “há cada vez mais carros na cidade e a autarquia continua a não considerar a bicicleta como um meio de transporte, mas apenas para lazer”.
Para o lojista, a falta de interesse em aderir a este meio de transporte deverá estar relacionada com o facto de “não haver ciclovias na cidade” e as que existem estarem “ocupadas por carros”. “É um produto que está morto”, talvez por “não haver promoção de bicicletas e ciclovias”, observou o proprietário da loja. Apesar das iniciativas, “não há continuidade, pois requer verbas e empenho”, considerando que “Lisboa não está (ainda) preparada para ciclistas”.
“As temperaturas, as inclinações, os pavimentos, o tráfego e, principalmente, os riscos de segurança e a falta de estacionamento para bicicletas” são os grandes factores que dificultam quem quer aderir a este meio de transporte alternativo. “É possível pedalar em Lisboa, não sei é se é viável”, concluiu.
Também o presidente da Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores da Bicicleta (FPCUB), já tinha anteriormente defendido o facto de Portugal ser dos países onde menos se utiliza a bicicleta como principal meio de transporte, de acordo com um recente inquérito divulgado em 2007 pela Comissão Europeia.
Segundo o presidente da FPCUB, “continua a não haver condições, principalmente a nível de segurança e de tráfego congestionado”, admitindo, mesmo assim, estar “esperançado” para que a situação se altere. A principal dificuldade estará na “falta de infra-estruturas, especialmente nas estações do Metro e CP de Lisboa”, porque aqueles que gostam desta modalidade “têm de andar de bicicleta às costas”, sugerindo que “deveriam ser criadas melhores condições para transportá-las”.
“A bicicleta deveria ser considerada como um meio de transporte” complementar, não só por ser “excelente para melhorar a condição física, combatendo, assim, a obesidade”, como também se torna uma alternativa ao aumento dos combustíveis, o qual “veio trazer à cidade um maior interesse neste transporte, tornando mais fácil a sua utilização”, revelou 4.


Só Lisboa tem, inexplicavelmente, andado a dormir de 2001 para cá, encostada ‘às ‘boxes’, apesar dos projectos da CDU 5 e das várias Recomendações apresentadas pelo Grupo Municipal de “Os Verdes” terem sido aprovadas, por Unanimidade, na AML 6.

Sem comentários: