14/06/2008

Porreiro pá!

O primeiro-ministro admitiu na 5ª fª, durante o debate quinzenal na Assembleia da República, que o êxito do Tratado de Lisboa que estava para ser referendado na Irlanda, era “fundamental” para o Governo e para a sua carreira política.
O primeiro-ministro (PM) e a deputada de “Os Verdes” envolveram-se depois em diálogo sobre o futuro do ministro. “O Tratado de Lisboa é absolutamente fundamental para o Governo e fundamental para a minha carreira”, afirmou o chefe do Governo, acrescentando que fez “tudo” o que estava ao seu alcance “para que o resultado na Irlanda fosse positivo”. “Como é que poderia ter ocorrido ao(s) senhor(es) deputado(s) que a questão não me tivesse preocupado”, acrescentou.
Os líderes parlamentares manifestaram o seu “espanto” por esta afirmação, mas foi com a deputada de “Os Verdes” que a troca de palavras com o PM foi mais dura. “Foi por isso que foi negado um referendo aos portugueses, para não pôr em causa a carreira política de José Sócrates?", questionou Heloísa Apolónia.
“O que a sra. deputada diz é um abuso. O que eu disse foi como é que a alguém poderia passar pela cabeça que não tinha preocupações sobre o que estava a acontecer com o referendo. Considerei que o tratado foi um marco na minha carreira política”, respondeu o chefe do Governo. “Não me julgue à sua medida, não faço nada em função da minha carreira política”, acrescentou, dizendo à deputada Heloísa Apolónia que não tinha o direito de “distorcer” as suas palavras.
Na resposta, a deputada de “Os Verdes” ripostou que tinha “fugido a boca para a verdade” ao PM. Nova resposta: “Tem três minutos para dar a sua contribuição para um debate sério. Lamento profundamente a sua atitude, não sabe outra coisa senão fazer insultos. Fugiu-lhe a boca para a verdade? Isso é expressão que se use? Por quem é que a sra. deputada se toma?”, questionou o PM. “Ano após ano senta-se nessa bancada convencida de que serve o interesse nacional, criticando tudo e todos que se sentam nesta bancada”, acrescentou ainda o PM.
Imperturbável, a deputada retorquiu de imediato: “Sabe por quem me tomo? Uma cidadã que foi eleita deputada à Assembleia da República e que tem o dever de denunciar certas matérias”, respondeu Heloísa Apolónia. O senhor é que prometeu, em campanha eleitoral, um refendo aos portugueses sobre o Tratado de Lisboa e não cumpriu!

Nota final: Os eleitores irlandeses acabariam por rejeitar o Tratado de Lisboa no referendo de 5ª fª, tendo o ‘Não’ obtido 53,4% dos votos e o ‘Sim’ 46,6%, segundo os resultados finais divulgados pela Comissão Eleitoral da Irlanda. Sem mais comentários.

Sem comentários: