A escalada do preço dos cereais e a canalização desta matéria-prima para os biocombustíveis vão provocar um aumento do preço de alimentos básicos em Portugal, alerta a Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares (FIPA). Entre os produtos mais afectados encontram-se as rações para animais (e consequentemente a carne), pão, óleo, massas, cereais para o pequeno-almoço, farinhas e ovos. A Associação do Comércio e Indústria da Panificação (ACIP) já anunciou que o pão vai voltar a subir este ano entre os 8% e os 10%. Aumentos de outros produtos são esperados para breve.
O director-geral da FIPA afirmou que as empresas ainda não reflectiram os aumentos nos preços finais ao consumidor, tendo optado por esmagar as margens de lucro, tendo frisado que “esta situação não é suportável por muito mais tempo, sendo expectável uma subida dos preços já em 2008”. Nos cereais, o aumento é bem evidente: as cotações do trigo e da cevada subiram 47% em apenas um ano, enquanto o milho subiu 32%. Sendo Portugal um forte importador de trigo (mais de 90%) e de milho (50%), a indústria agro-alimentar está a ser muito afectada por estas cotações.
Além de outras causas, destaca que a “pressão” sobre os cereais se deve à utilização destes produtos no biocombustível. “Cada vez mais os stocks alimentares são utilizados nas energias alternativas em vez de serem canalizados para a alimentação. Além disso, o facto de a União Europeia e outros países estarem a dar incentivos para estes combustíveis está a provocar uma distorção no mercado”.
O responsável adiantou que não “está contra os combustíveis limpos, mas se a política ambiental está a afectar bens essenciais alimentares, devia ser revista”. Questionado sobre o facto de apenas 2% da produção de cereais se destinar aos biocombustíveis, destacou que esta percentagem é significativa numa altura em que os stocks mundiais estão em baixo, prevendo-se um aumento deste montante nos próximos anos.
De facto, de acordo com um estudo recente, “os stocks nunca estiveram tão baixos na Europa. Dão apenas para dois meses de consumo, o que leva a uma situação do preço do pão a curto prazo. Já em Setembro deve aumentar entre 3% a 5% e no próximo ano o aumento pode ser mais elevado”. A pesquisa concluiu que, em Portugal, “as farinhas estão a subir de preço lentamente e quase de forma escondida”. Os industriais estão à espera de “que alguém fique com o ónus do aumento [considerado inevitável], para depois poderem acompanhar a subida de preços”.
Uma posição algo diferente da FIPA tem o secretário-geral da CAP, que afirmou que a subida do preço dos cereais não se deve aos combustíveis verdes. “É muito mais devastador um tufão ou cheias do que os biocombustíveis. Os preços subiram devido às alterações climatéricas e ao aumento da procura face à oferta”.
Adicionalmente, existem políticas que estão a prejudicar a produção. “A União Europeia obriga a que 10% dos terrenos não sejam cultivados, uma medida tomada quando havia excedentes”. O aumento da procura é explicado pelo crescimento da população mundial e também pela subida do consumo em países em desenvolvimento, como a China e a Índia. Desde o início dos anos 90, este dois países mais do que duplicaram o consumo de óleos vegetais, passando de 12 para 34 milhões de toneladas.
Perante a ‘inquietação’ gerada em torno da subida do preço das cereais, o Comité das Organizações Profissionais Agrárias da União Europeia emitiu um comunicado no início do mês confirmando que “a política comunitária em matéria de bioetanol não é a causa da situação actual”, sendo o grande responsável o clima.
Seja pelas alterações climáticas, seja pelo biocombustível, o certo é que a escassez do cereal jamais deveria afectar o mercado da distribuição alimentar e o custo final ao consumidor. E muito menos os ‘esfaimados’ países em vias de desenvolvimento.
O director-geral da FIPA afirmou que as empresas ainda não reflectiram os aumentos nos preços finais ao consumidor, tendo optado por esmagar as margens de lucro, tendo frisado que “esta situação não é suportável por muito mais tempo, sendo expectável uma subida dos preços já em 2008”. Nos cereais, o aumento é bem evidente: as cotações do trigo e da cevada subiram 47% em apenas um ano, enquanto o milho subiu 32%. Sendo Portugal um forte importador de trigo (mais de 90%) e de milho (50%), a indústria agro-alimentar está a ser muito afectada por estas cotações.
Além de outras causas, destaca que a “pressão” sobre os cereais se deve à utilização destes produtos no biocombustível. “Cada vez mais os stocks alimentares são utilizados nas energias alternativas em vez de serem canalizados para a alimentação. Além disso, o facto de a União Europeia e outros países estarem a dar incentivos para estes combustíveis está a provocar uma distorção no mercado”.
O responsável adiantou que não “está contra os combustíveis limpos, mas se a política ambiental está a afectar bens essenciais alimentares, devia ser revista”. Questionado sobre o facto de apenas 2% da produção de cereais se destinar aos biocombustíveis, destacou que esta percentagem é significativa numa altura em que os stocks mundiais estão em baixo, prevendo-se um aumento deste montante nos próximos anos.
De facto, de acordo com um estudo recente, “os stocks nunca estiveram tão baixos na Europa. Dão apenas para dois meses de consumo, o que leva a uma situação do preço do pão a curto prazo. Já em Setembro deve aumentar entre 3% a 5% e no próximo ano o aumento pode ser mais elevado”. A pesquisa concluiu que, em Portugal, “as farinhas estão a subir de preço lentamente e quase de forma escondida”. Os industriais estão à espera de “que alguém fique com o ónus do aumento [considerado inevitável], para depois poderem acompanhar a subida de preços”.
Uma posição algo diferente da FIPA tem o secretário-geral da CAP, que afirmou que a subida do preço dos cereais não se deve aos combustíveis verdes. “É muito mais devastador um tufão ou cheias do que os biocombustíveis. Os preços subiram devido às alterações climatéricas e ao aumento da procura face à oferta”.
Adicionalmente, existem políticas que estão a prejudicar a produção. “A União Europeia obriga a que 10% dos terrenos não sejam cultivados, uma medida tomada quando havia excedentes”. O aumento da procura é explicado pelo crescimento da população mundial e também pela subida do consumo em países em desenvolvimento, como a China e a Índia. Desde o início dos anos 90, este dois países mais do que duplicaram o consumo de óleos vegetais, passando de 12 para 34 milhões de toneladas.
Perante a ‘inquietação’ gerada em torno da subida do preço das cereais, o Comité das Organizações Profissionais Agrárias da União Europeia emitiu um comunicado no início do mês confirmando que “a política comunitária em matéria de bioetanol não é a causa da situação actual”, sendo o grande responsável o clima.
Seja pelas alterações climáticas, seja pelo biocombustível, o certo é que a escassez do cereal jamais deveria afectar o mercado da distribuição alimentar e o custo final ao consumidor. E muito menos os ‘esfaimados’ países em vias de desenvolvimento.
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