03/07/2007

Reabilitar com serviço público

Em entrevista conduzida por Rita Seabra Gomes no jornal Metro de ontem, Ruben de Carvalho, cabeça de lista da CDU às eleições intercalares para a CML, defende a reabilitação de Lisboa com recurso ao serviço público.
Por que se candidata à Câmara de Lisboa?
O partido assim o decidiu (risos). Basta olhar para os últimos 30 anos de Lisboa. O período em que mais problemas se resolveram foi quando estiveram vereadores da CDU no executivo camarário.
Aceitaria coligações com outros candidatos?
Desde o momento em que se definam orientações que consideramos correctas, podem contar connosco. Mas vamos deixar os votos falar e depois veremos o que está em cima da mesa.
Justifica-se a existência de tantos candidatos?
Acho que não mas isso não lhes retira o direito de se candidatarem. Do ponto de vista democrático não tenho nada a dizer. O problema é a data das eleições. Calha em pleno período de férias e por isso há o risco de haver alguma abstenção.
Como se pode reabilitar a cidade?
A reabilitação tem de ser feita por um critério de serviço público e não de negócio privado, embora não impeça a colaboração com este sector. Uma recuperação feita pela lógica do lucro leva à especulação imobiliária, aumento de preços e alteração do tecido social.
Esse critério ajudaria trazer pessoas para Lisboa?
Lisboa perdeu habitantes mas não foi uma perda quantitativa, foi social e etária. Não é um problema que se resolva com uma medida. Há uma construção do terciário a (escritórios) excessiva e na habitação a política é uma construção para segmentos com maior poder de compra.
Como se pode reverter a situação?
A EPUL poderia ter tido um papel fundamental como elemento disciplinador do mercado imobiliário. É preciso reabilitar de uma forma planificada, tendo em conta as necessidades da população.
Como se pode intervir na zona ribeirinha?
O que é pior é que a APL [Administração do Porto de Lisboa] começou a meter-se em actividades que, em nosso entender, não tem nada de se meter como licenciar construção na zona da Doca Pesca. O Porto de Lisboa tem de continuar a existir mas apenas como elemento portuário.
A situação económica da câmara tem solução?
Há três situações: a económica, a financeira e a de tesouraria. A de tesouraria é dramática por erros de gestão vários. A financeira também é grave, sobretudo pelas dívidas a fornecedores. Na situação económica, o activo (receitas) da câmara é amplamente superior ao passivo (despesas), por isso é uma câmara economicamente viável, precisa é de ser bem administrada.
Como se pode melhorar o ambiente e a mobilidade?
Através da diminuição do trânsito de atravessamento da cidade, sobretudo de pesados, acabando vias, como a CRIL e o Eixo Norte-Sul, pela construção de parques de estacionamento dissuasores ligados a um sistema eficaz de transportes públicos e inter-passes e também através da entrada em funcionamento da Autoridade Metropolitana de Transportes.
Ver Metro, 2007-07-02, p. 4

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