16/07/2007

Jardins de bairro

Empiricamente, todos sabemos que o calor nos chama para a sombra de um jardim ou para a praia, mas os lisboetas têm a sensação de que escasseiam os espaços verdes na cidade, sobretudo os de proximidade. Em vez de um mínimo de 10 metros quadrados por habitante (situado a menos de 400 metros de um bloco de apartamentos), temos 4 m2.
Ou seja, falta o ‘jardim de bairro’. E a portaria que aponta para a criação de 28 m2 de espaços verdes e de utilização colectiva por fogo não é cumprida porque “os arquitectos agem em função do construtor que quer um mínimo de espaços verdes e de utilização colectiva por fogo”, pelo que há falta de “manutenção e de atractivos de muitos jardins e parques urbanos”.
Legalmente, “a cedência de parcelas de terreno para espaços verdes pode ser substituída por uma compensação ao município, decidida de forma casuística” e o irónico “é que esta é uma solução mais atractiva para os municípios que, em vez de custearem a manutenção de um novo jardim, recebem uma quantia monetária para os seus cofres”. Em causa está “a falta de disponibilidade política dos decisores, já que os espaços verdes levam mais de quatro anos a crescer e não rendem votos”.
Ou seja, “o problema é que os projectos para a cidade devem ser estruturantes e pensados a longo prazo. Em vez de se pensar em loteamentos, deve pensar-se em planos de urbanização estratégicos”.
Porém, "a câmara que tem funcionado mais como promotor imobiliário, tem vindo a destruir as oportunidades desta estrutura contínua verde, ratando enormes áreas com loteamentos, como, por exemplo, no Vale de Santo António".
Para a CDU, "a transformação da cidade num enorme 'puzzle' de interesses imobiliários limita grandemente o seu desenvolvimento sustentável, condicionando os objectivos de um ambiente mais são. É preciso por isso "suster as agressões aos corredores verdes e a Monsanto, prosseguir a interligação do parque Periférico, respeitando a Estrutura Ecológica da Cidade".
Ver Expresso 2007-06-23, p. 34

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