27/11/2008

Eficiência energética e renováveis na vanguarda da revolução energética

O mundo vive hoje numa encruzilhada energética e Portugal não é excepção. O diagnóstico é conhecido: 85% da energia primária nacional é importada, 60% da energia primária consumida é petróleo e 84% são fontes fósseis. Em 2006, foram gastos seis mil milhões de euros na importação de energia.
Para tentar inverter esta situação, Portugal comprometeu-se com uma meta de 39% de incorporação de energias renováveis na produção eléctrica até 2010, valor que o Governo elevou para 45% no início de 2007. Do lado da oferta, é necessário encontrar alternativas para aumentar o peso relativo da energia primária produzida internamente, em particular a partir de fontes de energias renováveis. Do lado da procura, são urgentes atitudes e programas para explorar o potencial das diversas oportunidades para aumentar a eficiência energética.
Para o presidente da Eólicas de Portugal, a primeira “fonte de energia” a privilegiar no território nacional tem de ser a eficiência energética. Combater o desperdício de energia, nos mais variados sectores, assume-se como uma prioridade ímpar, isto se considerarmos que para se produzir um euro de riqueza, em Portugal, é gasta 2,5 vezes mais energia do que em França, 2,4 vezes mais do que na Áustria, e 2,3 vezes mais do que na Alemanha. Mesmo países que entraram para a União Europeia em Maio de 2004, como é o caso da Polónia, tem uma eficiência energética superior à portuguesa.
Por outro lado, e tendo em conta que Portugal não é um país rico em termos de combustíveis fósseis, o País tem de agarrar as oportunidades provenientes do sol, vento, água, biomassa, ondas e geotermia, pois “Portugal tem das condições mais interessantes e completas a nível mundial na área das renováveis”.
Segundo o presidente da Associação Portuguesa de Energias Renováveis, outra das fontes de energia a privilegiar em Portugal é a hídrica, cujo contributo será “indispensável” para ajudar o País a alcançar a meta de 60% da produção de electricidade com origem em fontes renováveis, em 2020.
Na energia eólica, a intenção é chegar aos 5100 MW até 2012. Até 2014, está previsto um investimento de 9 mil milhões de euros nas renováveis, centrando-se os negócios na eólica e na hídrica, com projectos avaliados em 5 mil milhões e 2 mil milhões, respectivamente.
Depois da hídrica e eólica, a terceira tecnologia com potencial de exploração em território nacional é o solar. “Temos de ir buscar fontes de energia que não sejam exclusivamente para produzir electricidade. A solar, a biomassa, e também um pouco de geotermia, podem ajudar nessa missão”. Portugal surge na 17ª posição no leque de países que dispõem de capacidade geotérmica, com 28 MWe em funcionamento 1.
No painel ‘Mudanças tecnológicas no sistema energético português’, da Conferência ‘Expo Energia’, o director do MIT Portugal, apresentou as áreas de actuação mais relevantes para o aumento do potencial de penetração das energias renováveis. A aposta em redes inteligentes, para resolver o problema da intermitência, a construção de edifícios mais sustentáveis e eficientes, e a criação de sistemas inteligentes de gestão de transporte, são, segundo o especialista, as vias a percorrer para resolver a “dinâmica dos consumos” 2.

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