08/11/2008

A origem dos acidentes de viação

A Autoridade Nacional da Segurança Rodoviária (ANSR) indicou que morreram nas estradas do continente 12 pessoas só no final do mês passado, tendo 38 ficado gravemente feridas.
Durante o período entre 16 e 21 de Outubro, a GNR contabilizou dez vítimas mortais e 27 feridos graves, enquanto que a PSP registou dois óbitos e 11 feridos graves. A mesma fonte adianta que, desde o início do ano, morreram 606 pessoas em acidentes de viação, 2.036 ficaram gravemente feridas e 32.062 sofreram ferimentos ligeiros. No mesmo período de 2007, foram registados 672 mortos, 2513 feridos graves e 34.715 feridos leves 1.
Será que a ‘culpa’ pelos acidentes reside exclusivamente nos peões ou nos condutores?
Dois acidentes brutais voltaram a marcar a actualidade noticiosa da semana passada, aumentando a estatística da sinistralidade rodoviária em Portugal. Alguns especialistas são unânimes: o incumprimento do Código da Estrada é a principal causa.
Segundo a Associação Portuguesa de Seguradoras, Portugal gasta, por ano, 5% do seu Produto Interno Bruto (PIB) na recuperação de acidentados. E, pelo menos nesta matéria, a actual crise até pode ser favorável, segundo um estudo publicado na semana passada pela Faculdade de Engenharia do Porto: quando temos menos dinheiro, circula-se menos e morre-se menos na estrada.
Mas nem só de mortes se fazem as estatísticas negras: “Por cada pessoa que morre, 160 são feridas e duas mil passam nas urgências do hospital”. Para estas vítimas, feridos leves e graves, há um longo processo emocional pela frente, pelo que os impactos económicos, psicológicos e de reabilitação profissional são evidentes.
Um catedrático de engenharia conclui assertivamente que “a maioria dos acidentes ocorre pela falta de educação”, alertando para factores como o tempo de reacção do ser humano. Atropelamentos a 40 quilómetros por hora podem não matar, mas a 80 morrem todos.
Pelo que, “numa estrada sem separador central, devia ser proibido andar a 90 quilómetros por hora. Um acidente a 160 quilómetros por hora é o equivalente a atirar-se do alto de uma qualquer torre. Um acidente a 200 quilómetros por hora é como atirar-se da Torre Vasco da Gama”. Deixando o desafio: “Quem acha que tem um carro muito seguro, que o tente fazer...” 2.
Reside, porém, apenas a culpa no Código da Estrada, em peões e condutores? Quem são as instituições que determinam os limites de velocidade em meio urbano? E quem avalia a responsabilidade dos projectistas das vias de circulação? Sabendo ainda do mau estado de construção e manutenção de muitas dessas vias, a quem interessa desresponsabilizar esta tão óbvia ‘culpa’?
Também por isso, o Grupo Municipal de “Os Verdes” denunciou que, há exactamente um ano, a CML identificou uns escassos 20 pontos negros na cidade de Lisboa, existindo, comprovadamente, muitos mais espalhados por toda a cidade, tendo prometido resolvê-los no primeiro semestre do ano, mas, de facto, nada fez, pelo que o PEV apresentou e fez aprovar, na recente AML de 21 de Outubro, uma Recomendação para que a CML urgentemente actualize a identificação dos “Pontos Negros da circulação pedonal e rodoviária” em Lisboa, estabeleça prioridades e calendarize as medidas indispensáveis para a (sua) correcção” 3.

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