24/11/2008

Exercícios de simulacro de sismo passaram ao lado dos lisboetas

O exercício do Prociv IV/2008, uma exigência para a elaboração do Plano Especial de Emergência de Risco Sísmico para a Área Metropolitana de Lisboa 1, que será aprovado no próximo ano, terminou ontem pelas 13h. Edifícios em colapso e soterrados, deslizamento de terras, vias de acesso bloqueadas e incêndios urbanos e florestais foram algumas das situações treinadas durante este fim-de-semana nos distritos de Lisboa, Setúbal e Santarém.
O simulacro aproveitou para testar o novo Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal. Depois das falhas do primeiro dia (6ª fª), no fim-de-semana tudo terá corrido melhor na gestão da informação. Mas, em alguns locais, foram notórias as falhas na articulação de meios de socorro e a lentidão na capacidade de resposta 2.
O sismo que ‘afectou’ a cidade de Lisboa - pois era a fingir - constituía um simulacro. Segundo a Autoridade Nacional de Protecção Civil, foram criados 16 cenários que mobilizaram 2750 elementos operacionais e 1798 figurantes. A Protecção Civil treinou respostas a réplicas e acidentes na sequência do simulacro de ‘sismo’ com magnitude 6,7 na escala de Richter, que teve o seu epicentro próximo de Benavente, às 15h50 de 6ª fª.
Porém, tudo correu sem incomodar a cidade, alheada do exercício, que funcionou como habitualmente (excepto com alguns constrangimentos de trânsito).

Em Lisboa, no Centro Colombo, fechado ao público e praticamente vazio, ouviu-se o anúncio: por motivos de ordem técnica, era necessária a evacuação do centro comercial. Foi com muita calma e boa disposição que tudo se processou: afinal, os 550 funcionários presentes na altura já tinham conhecimento do exercício.
Como “já tinham dito quais eram as zonas para onde tínhamos de nos dirigir”, relata uma, funcionária, tentou “ouvir o anúncio com atenção”, e agir apenas segundo as regras, mas diz que “se fosse real, seria mais complicado”, reconhecendo que “é importante fazer estes simulacros, porque temos de estar prevenidos”. Como foram avisados, até houve tempo para trazer os cigarros, mas, se desconhecessem, “era o pânico”, disse outra funcionária.
No extremo sul da cidade, dava-se início a outro exercício: um carro saiu da estrada em frente à Ribeira das Naus, perto do Terreiro do Paço, e caiu ao Tejo.
Envolvendo menos pessoas que o exercício do Colombo, este durou aproximadamente uma hora, mas também despertou pouco interesse, não implicando sequer cortes no trânsito. Afinal foram os pescadores das redondezas que tiveram uma manhã diferente da habitual: com a confusão dentro de água, não se apanhava peixe nenhum, lamentaram.
Nestes locais, e tirando os jornalistas, apenas meia dúzia de pessoas se havia juntado para ver o aparato, que tinha hora marcada e era só a brincar 3. Mas, será que o simulacro deu para consciencializar e treinar a população da cidade?

1. Ver
www.proteccaocivil.pt/prociv4/Pages/ExercicioPROCIVIV.aspx
2. Ver http://dn.sapo.pt/2008/11/23/cidades/simulacro_resposta_lenta_e_descoorde.html
3. Ver http://jornal.publico.clix.pt/default.asp?url=%2Fmain%2Easp%3Fdt%3D20081123%26page%3D25%26c%3DA

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