A maioria dos utilizadores de telemóvel desconhece os níveis de radiação do seu aparelho, preocupando-se mais com questões estéticas ou tecnológicas quando tem de escolher um modelo.
Um professor catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (UC) adverte que o utilizador comum ainda não se consciencializou com a problemática das radiações electromagnéticas e dos seus efeitos na saúde humana.
“As pessoas compram os telemóveis por serem bonitos, por terem ou não 3G, porque tem um câmara melhor, tem ou não mp3 e nunca vêem o SAR” (Specific Absorption Rate ou, em português, Taxa de Absorção Específica, isto é, a quantidade de energia que o corpo absorve quando se está ao telemóvel). “No outro dia tinha 200 alunos à minha frente e só três viam o SAR”.
Na Europa, o limite de SAR estipulado é de 2,0 watts por quilograma, calculados sobre dez gramas de tecido corporal, o mesmo que em Portugal. Este é o “chamado limite prudente perante as condições práticas que existem”, nomeadamente a falta de consenso na comunidade científica sobre os efeitos das radiações electromagnéticas na saúde humana, “mas não é seguramente o limite que biologicamente devêssemos querer”.
O valor de SAR varia consoante o modelo de telemóvel, se o utilizador está numa zona de boa ou má cobertura e, inclusive, um mesmo modelo pode ter níveis diferentes de radiação, pelo que “basta haver uma ligeira alteração no material em que é feito o telemóvel, como a capa, para alterar o valor de energia que a cabeça vai absorver”, refere um investigador do Instituto das Telecomunicações (IT), para quem a radiação electromagnética “pode até ser inócua”, mas trata-se de algo “que não é natural”, pelo que recomenda “bastante cuidado, tendo em conta que um ambiente artificial pode ter consequências que se desconhecem”.
O seu alerta é mais veemente quando estão em causa crianças, aconselhando, por isso, a moderação no uso do telemóvel “porque a parte cerebral e as defesas imunitárias ainda estão a desenvolver-se”.
É que o limite de SAR foi estipulado para não se chegar ao “efeito térmico”, em que as radiações, “ao atingirem os tecidos, provocam um aumento de temperatura. Se [o efeito térmico] for muito elevado pode provocar danos na saúde” e é nisso que os limites estão baseados.
Embora ainda não esteja provado que abaixo do limiar térmico não há efeitos na saúde, os estudos realizados “mostram que se os limites forem cumpridos, em princípio não haverá problema” de provocar cancro, mas lembra que “ainda não existem resultados fiáveis porque há muito poucas pessoas que utilizam o telemóvel há mais de 10 anos” 1.
“No último século, no mundo civilizado, a intensidade da radiação electromagnética aumentou 100 mil vezes e, seguramente, o ser humano não está adaptado a esta realidade, porque quando o ser humano se desenvolveu, não existia radiação electromagnética significativa”.
Outra questão que surge quando se discute a fiabilidade dos estudos científicos sobre as radiações dos telemóveis é o facto de alguns destes estudos serem suportados financeiramente pela indústria de telecomunicações (fabricantes e operadores), o que poderia implicar influências e pressões nos resultados.
O docente da UC partilha da mesma opinião do investigador do ISCTE, porque, “de um ponto de vista científico, não se gosta muito de se viver subsidiado por indústrias que possam de alguma forma ter interesse directo”, excepto se “estiver explícita uma total liberdade de publicação dos dados encontrados”, apesar de para o público em geral “ficar aquela sensação de que pode haver alguma coacção ou influência” 2.
Um professor catedrático da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (UC) adverte que o utilizador comum ainda não se consciencializou com a problemática das radiações electromagnéticas e dos seus efeitos na saúde humana.
“As pessoas compram os telemóveis por serem bonitos, por terem ou não 3G, porque tem um câmara melhor, tem ou não mp3 e nunca vêem o SAR” (Specific Absorption Rate ou, em português, Taxa de Absorção Específica, isto é, a quantidade de energia que o corpo absorve quando se está ao telemóvel). “No outro dia tinha 200 alunos à minha frente e só três viam o SAR”.
Na Europa, o limite de SAR estipulado é de 2,0 watts por quilograma, calculados sobre dez gramas de tecido corporal, o mesmo que em Portugal. Este é o “chamado limite prudente perante as condições práticas que existem”, nomeadamente a falta de consenso na comunidade científica sobre os efeitos das radiações electromagnéticas na saúde humana, “mas não é seguramente o limite que biologicamente devêssemos querer”.
O valor de SAR varia consoante o modelo de telemóvel, se o utilizador está numa zona de boa ou má cobertura e, inclusive, um mesmo modelo pode ter níveis diferentes de radiação, pelo que “basta haver uma ligeira alteração no material em que é feito o telemóvel, como a capa, para alterar o valor de energia que a cabeça vai absorver”, refere um investigador do Instituto das Telecomunicações (IT), para quem a radiação electromagnética “pode até ser inócua”, mas trata-se de algo “que não é natural”, pelo que recomenda “bastante cuidado, tendo em conta que um ambiente artificial pode ter consequências que se desconhecem”.
O seu alerta é mais veemente quando estão em causa crianças, aconselhando, por isso, a moderação no uso do telemóvel “porque a parte cerebral e as defesas imunitárias ainda estão a desenvolver-se”.
É que o limite de SAR foi estipulado para não se chegar ao “efeito térmico”, em que as radiações, “ao atingirem os tecidos, provocam um aumento de temperatura. Se [o efeito térmico] for muito elevado pode provocar danos na saúde” e é nisso que os limites estão baseados.
Embora ainda não esteja provado que abaixo do limiar térmico não há efeitos na saúde, os estudos realizados “mostram que se os limites forem cumpridos, em princípio não haverá problema” de provocar cancro, mas lembra que “ainda não existem resultados fiáveis porque há muito poucas pessoas que utilizam o telemóvel há mais de 10 anos” 1.
“No último século, no mundo civilizado, a intensidade da radiação electromagnética aumentou 100 mil vezes e, seguramente, o ser humano não está adaptado a esta realidade, porque quando o ser humano se desenvolveu, não existia radiação electromagnética significativa”.
Outra questão que surge quando se discute a fiabilidade dos estudos científicos sobre as radiações dos telemóveis é o facto de alguns destes estudos serem suportados financeiramente pela indústria de telecomunicações (fabricantes e operadores), o que poderia implicar influências e pressões nos resultados.
O docente da UC partilha da mesma opinião do investigador do ISCTE, porque, “de um ponto de vista científico, não se gosta muito de se viver subsidiado por indústrias que possam de alguma forma ter interesse directo”, excepto se “estiver explícita uma total liberdade de publicação dos dados encontrados”, apesar de para o público em geral “ficar aquela sensação de que pode haver alguma coacção ou influência” 2.
1. Ver Lusa doc. nº 9403728, 08/04/2009 - 07:40
2. Ver Lusa doc. nº 9402902, 08/04/2009 - 07:40
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