Foi no local a que hoje chamamos Ribeira das Naus - um aterro roubado ao rio - que funcionou um gigantesco estaleiro de construção naval entre os séculos XVI e XVII. Neste complexo industrial, como lhe chama José Mattoso na sua História de Portugal, tanto se faziam trabalhos de carpintaria como se trabalhava na cordoaria e na confecção de velas.
Era nas areias desta praia que cresciam os esqueletos de madeira do cavername das naus. A área “era delimitada pelos edifícios onde estavam instalados os organismos fundamentais ao apetrechamento de cada armada da Índia”, refere Mattoso.
Ali ao lado, no Terreiro do Paço - outro pedaço de terra conquistado ao Tejo -, tudo era também muito diferente do que conhecemos hoje: havia uma construção grande e longilínea perpendicular ao rio com um grande torreão, o Paço da Ribeira, onde o rei D. Manuel e a corte se instalaram em 1503.
Do palácio podia observar-se a actividade dos estaleiros. Com o objectivo de acrescentar mais nobreza à praça do poder, D. Sebastião mandou construir uma grande basílica no local, ideia que acabou por não vingar: Filipe II manda abortar a obra e ergue um torreão a partir de um fortim do tempo de D. Manuel.
O Paço da Ribeira sucumbiu ao terramoto de 1755. Os vestígios agora encontrados não são os primeiros a confirmar as actividades navais e portuárias da zona. Em meados dos anos de 1990, escavações do túnel do metro depararam com restos de navios, um do séc. XV e outro do séc. XIV. Os especialistas disseram que esta última embarcação era “o mais antigo destroço de navio de tradição ibero-atlântica conhecido à escala mundial”.
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