A 1 de Janeiro de 2008, um investigador do Instituto Superior de Engenharia de Lisboa e engenheiro de Vias de Comunicação e Transportes começava o projecto ‘100 dias de bicicleta em Lisboa’, em defesa da ideia de Lisboa como cidade ciclável 1.
Ontem, um ano volvido, voltou à Praça do Comércio, local de onde partiu a viagem de bicicleta que marcou o arranque do projecto, para dar por concluído um ciclo, após o objectivo a que se propôs ter sido largamente superado.
A ideia veio de fora, depois de algumas experiências em países como a Finlândia, a Alemanha ou a Holanda, onde culturalmente a bicicleta está instituída como meio de transporte pessoal e não apenas como mero objecto de lazer.
“Nestes países, a primeira coisa que fazem é dar-nos uma bicicleta para as mãos. Nós achamos estranhíssimo, uma bicicleta, não estamos habituados a usá-la como meio de transporte, mas depois como vemos o exemplo das outras pessoas, aquela gente de um país rico e desenvolvido a usar a bicicleta, nós também, um pouco a custo, lá começamos a usar a bicicleta”.
“O que é engraçado é que no final de uma semana nós habituamo-nos e adaptamo-nos completamente àquele meio de transporte e quando regressamos a Lisboa achamos estranhíssimo regressar a uma cidade onde não há condições para se andar de bicicleta, onde se vê poucas pessoas a dar o exemplo e a andar de bicicleta”.
Do exemplo estrangeiro, da sua própria formação e da necessidade de fazer um mestrado surgiu o mote para a tese que se prepara para defender nos primeiros meses de 2009. “Lembrei-me de conversar com os meus professores e perceber porque é que não se anda de bicicleta na cidade de Lisboa e o que é que tinha que se fazer para criar condições para que as pessoas possam andar em segurança nas suas bicicletas e utilizá-la como meio de transporte no dia-a-dia”.
‘100 dias de bicicleta em Lisboa’ acabaria por ser o laboratório da sua tese, usando a experiência pessoal em defesa da ideia de Lisboa como cidade atractiva para ciclistas, apesar de todas as ideias pré-concebidas.
Há um “mito maior que se fala das colinas. Na verdade as colinas correspondem a 10% da área da cidade, Lisboa é essencialmente plana na zona ribeirinha e um grande planalto no centro. Temos uma zona alta da cidade, praticamente plana, que corresponde a mais de metade da área da cidade. E por aí qualquer pessoa consegue andar de bicicleta sem esforço”, defendeu o investigador.
São várias as vantagens em recorrer à bicicleta como meio de transporte citadino e nem o tempo é desculpa para não ir para a escola ou para o trabalho a pedalar, pois “em Lisboa chovem 40 dias por ano com intensidade, ainda sobram 325 para podermos andar de bicicleta”.
Outra das vantagens apontadas é a vertente economicista da opção pelas duas rodas, visto que “conseguimos deslocar-nos a custo zero. Não temos que gastar dinheiro em combustível, em manutenções e compra do automóvel. Existem outros benefícios palpáveis, como a prática de exercício e a melhoria da saúde física, a questão ambiental, com deslocações feitas com ‘poluição zero’ e a redução dos níveis de stress, sem estarmos sujeitos ao pára-arranca do trânsito diário. “A minha velocidade média em hora de ponta chega a ser superior à de um automóvel”, disse.
Mas existem outros benefícios, não tão tangíveis, mas igualmente gratificantes. Conhece-se “uma cidade completamente diferente, porque conseguimos vivê-la, conhecer rua a rua, avenida a avenida, encontramos pessoas, os relacionamentos sociais são completamente diferentes quando andamos de bicicleta ou fechados na nossa lata de uma tonelada”.
E transformar Lisboa numa cidade apelativa aos defensores da utilização das bicicletas não seria muito complicado. “Na realidade, não é preciso mexer muito na cidade. Temos excelentes avenidas, excelentes vias, com grande largura, onde podemos roubar uma berma na estrada para criar um corredor para bicicletas com um metro e meio de largura e garantir que ali só circulam bicicletas à semelhança do que se faz noutras cidades”.
Basta uma pintura de estrada, alguns sinais verticais de trânsito, algumas alterações na legislação, mexendo “um pouco no código da estrada para dar alguns privilégios de segurança à bicicleta”.
“Os técnicos que trabalham nesta cidade já há muito tempo que sabem o que fazer na cidade e como fazê-lo. Basta apenas alguma mudança política e alguma vontade de querer fazer algo pelas pessoas e não pelos automóveis” 2.
Falta, no entanto, “vontade política”, q.b., para corrigir a actual situação. Fala-se para comunicação social ouvir, planeia-se para as calendas gregas, mas nada se constrói.
A ideia veio de fora, depois de algumas experiências em países como a Finlândia, a Alemanha ou a Holanda, onde culturalmente a bicicleta está instituída como meio de transporte pessoal e não apenas como mero objecto de lazer.
“Nestes países, a primeira coisa que fazem é dar-nos uma bicicleta para as mãos. Nós achamos estranhíssimo, uma bicicleta, não estamos habituados a usá-la como meio de transporte, mas depois como vemos o exemplo das outras pessoas, aquela gente de um país rico e desenvolvido a usar a bicicleta, nós também, um pouco a custo, lá começamos a usar a bicicleta”.
“O que é engraçado é que no final de uma semana nós habituamo-nos e adaptamo-nos completamente àquele meio de transporte e quando regressamos a Lisboa achamos estranhíssimo regressar a uma cidade onde não há condições para se andar de bicicleta, onde se vê poucas pessoas a dar o exemplo e a andar de bicicleta”.
Do exemplo estrangeiro, da sua própria formação e da necessidade de fazer um mestrado surgiu o mote para a tese que se prepara para defender nos primeiros meses de 2009. “Lembrei-me de conversar com os meus professores e perceber porque é que não se anda de bicicleta na cidade de Lisboa e o que é que tinha que se fazer para criar condições para que as pessoas possam andar em segurança nas suas bicicletas e utilizá-la como meio de transporte no dia-a-dia”.
‘100 dias de bicicleta em Lisboa’ acabaria por ser o laboratório da sua tese, usando a experiência pessoal em defesa da ideia de Lisboa como cidade atractiva para ciclistas, apesar de todas as ideias pré-concebidas.
Há um “mito maior que se fala das colinas. Na verdade as colinas correspondem a 10% da área da cidade, Lisboa é essencialmente plana na zona ribeirinha e um grande planalto no centro. Temos uma zona alta da cidade, praticamente plana, que corresponde a mais de metade da área da cidade. E por aí qualquer pessoa consegue andar de bicicleta sem esforço”, defendeu o investigador.
São várias as vantagens em recorrer à bicicleta como meio de transporte citadino e nem o tempo é desculpa para não ir para a escola ou para o trabalho a pedalar, pois “em Lisboa chovem 40 dias por ano com intensidade, ainda sobram 325 para podermos andar de bicicleta”.
Outra das vantagens apontadas é a vertente economicista da opção pelas duas rodas, visto que “conseguimos deslocar-nos a custo zero. Não temos que gastar dinheiro em combustível, em manutenções e compra do automóvel. Existem outros benefícios palpáveis, como a prática de exercício e a melhoria da saúde física, a questão ambiental, com deslocações feitas com ‘poluição zero’ e a redução dos níveis de stress, sem estarmos sujeitos ao pára-arranca do trânsito diário. “A minha velocidade média em hora de ponta chega a ser superior à de um automóvel”, disse.
Mas existem outros benefícios, não tão tangíveis, mas igualmente gratificantes. Conhece-se “uma cidade completamente diferente, porque conseguimos vivê-la, conhecer rua a rua, avenida a avenida, encontramos pessoas, os relacionamentos sociais são completamente diferentes quando andamos de bicicleta ou fechados na nossa lata de uma tonelada”.
E transformar Lisboa numa cidade apelativa aos defensores da utilização das bicicletas não seria muito complicado. “Na realidade, não é preciso mexer muito na cidade. Temos excelentes avenidas, excelentes vias, com grande largura, onde podemos roubar uma berma na estrada para criar um corredor para bicicletas com um metro e meio de largura e garantir que ali só circulam bicicletas à semelhança do que se faz noutras cidades”.
Basta uma pintura de estrada, alguns sinais verticais de trânsito, algumas alterações na legislação, mexendo “um pouco no código da estrada para dar alguns privilégios de segurança à bicicleta”.
“Os técnicos que trabalham nesta cidade já há muito tempo que sabem o que fazer na cidade e como fazê-lo. Basta apenas alguma mudança política e alguma vontade de querer fazer algo pelas pessoas e não pelos automóveis” 2.
Falta, no entanto, “vontade política”, q.b., para corrigir a actual situação. Fala-se para comunicação social ouvir, planeia-se para as calendas gregas, mas nada se constrói.
1. Ver http://100diasdebicicletaemlisboa.blogspot.com
2. Ver http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1354680
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