15/01/2009

CML vai alienar edifícios para hotéis de charme

A CML apresentou na 3ª fª a iniciativa “Lisboa, capital do charme”, no âmbito da qual serão alienados seis edifícios do património municipal para acolher hotéis de charme, que poderão ter um total de 155 quartos. António Costa, presidente da autarquia, fala em “mais-valia importante” apesar da crise económica.
Em causa estão o Palácio do Machadinho (Madragoa), Palácio Braamcamp (Príncipe Real), Palácio do Benagazil (junto ao aeroporto), Palácio Pancas Palha (também conhecido por Van Zeller, em Santa Apolónia), Palácio do Visconde do Rio Seco (Bairro Alto) e o edifício do Passo da Procissão do Senhor dos Passos da Graça (junto ao Castelo de São Jorge).
O presidente da CML afirmou que o principal objectivo destas alienações não foi o encaixe financeiro - as bases de licitação dos imóveis estão definidas num total de 12,7 milhões de euros - mas a recuperação do património e o aumento de uma oferta hoteleira ‘diferenciada’ em Lisboa.
O executivo municipal espera que a alienação dos imóveis seja discutida em Fevereiro na AM Lisboa e que as hastas públicas dos edifícios se possam realizar a partir dessa altura, uma por edifício, de 15 em 15 dias.
A autarquia estabeleceu um preço base de licitação de 3,3 milhões de euros para o Palácio do Machadinho, 400.024 euros para o Palácio do Visconde do Rio Seco, 1,8 milhões de euros para o Palácio Braamcamp, 1,4 milhões para o Palácio do Benagazil, 1,5 milhões para o edifício do Passo da Procissão do Senhor dos Passos e 4 milhões para o Palácio Pancas Palha.
Questionado sobre o momento económico em que a alienação se realiza, o presidente da CML respondeu que “é um momento bom para as pessoas se prepararem para o momento que há-de vir a seguir”, salientando que o mercado dos hotéis de charme está “a crescer” e em que “vale a pena apostar”.
No mesmo sentido, o director-geral da Associação de Turismo de Lisboa (ATL) afirmou que, quando estes hotéis estiverem no mercado, talvez a crise esteja já ultrapassada. Mesmo reconhecendo que a crise atingiu de forma “transversal” o turismo em Lisboa, a ATL incluiu o aumento do segmento de “charme” no seu plano estratégico, apesar da cidade ter perdido cerca de 25% de ocupação hoteleira nos últimos meses do ano, fruto sobretudo da retracção dos mercados espanhol e britânico 1.
Vender palácios poderá vir a ser a solução economicamente vantajosa para o orçamento municipal, mesmo que o resto dos edifícios permaneçam a cair aos bocados, um pouco por toda a cidade. Em alternativa, esquece que reabilitar alguns dos edifícios da capital poderia deixá-la mais bonita ou até ajudar os cofres do Turismo, mas sem privilegiar os ‘suspeitos do costume’.
A questão chave seria criar novas oportunidades de residência, trazendo novos moradores para a capital, terá afinal deixado de ser uma prioridade para o executivo municipal, se é que alguma vez o foi. Não lhes parece, por isso, relevante que os estudantes, os jovens casais e as famílias em geral se tenham de deslocar várias horas por dia para virem trabalhar na cidade e regressarem, em engarrafamentos, no final do dia às suas casas nos arredores.

Ver Lusa doc. nº 9199725, 13/01/2009 15:56 e
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1355983

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