Em pleno centro de Lisboa, os chafarizes continuam a ser a única solução para alguns moradores do Bairro da Liberdade, que continuam a não ter acesso a água canalizada em casa. Os que gozam desse privilégio queixam-se do tempo que as contas demoram a chegar - deixando-lhes depois pouco tempo para pagar - e dos consequentes cortes no abastecimento.
Muitos dos pátios estreitos têm uma única torneira com contador, que é partilhada por seis ou mais famílias, o que, “apesar de ser chato, sempre acaba por ser mais prático” do que ir ao chafariz.
O pior é “quando chega a conta. Dividimo-la entre todos. Apesar de não ser justo e dar sempre confusão, é a única maneira de termos acesso à água”, explica uma moradora, feliz por já não ter de subir uma rua íngreme até ao chafariz, encostado ao Aqueduto das Águas (dantes) Livres.
Perante a realidade que ainda se vive nestas ruas estreitas de casas degradadas, é esse mesmo Aqueduto, que um dia abasteceu de água a capital lisboeta, a única referência que permite perceber que é um bairro de Lisboa e não de outro lugar qualquer.
São pessoas que vivem em condições que nem no terceiro Mundo existem. Muitos vivem em apartamentos que não têm água nenhuma, nem canalizada, nem nada. Têm de ir aos chafarizes para se lavarem, cozinharem, para lavarem a loiça, para tudo. “E o pior é que não estamos a falar de pessoas jovens. Infelizmente, a maioria, são pessoas de idade e comprovativamente carenciadas, o que é gravíssimo. São reformados que não podem trabalhar e a quem é negado o direito de viverem condignamente. É uma hipocrisia tremenda”.
Instalar água canalizada em casa está “fora das suas possibilidades financeiras”, pois tal implica “custos que estas pessoas não conseguem suportar. Com uma pensão de 130 euros como é que alguém vai arranjar 1.200 ou 1.500 para pôr água em casa?”, devido aos preços praticados pela EPAL, nem para “instalar um simples cano”.
“Dizem que o bairro vai abaixo, por isso fomos esquecidos. Mas isto nunca mais vai abaixo. É complicado para muita gente que se vê obrigada a transportar bilhas e garrafões. O senhor lá da Câmara devia pensar que isto também precisa de condições. Há casas abandonadas, cheias de ratos e de porcaria, com um cheiro que não se pode”, acrescenta uma jovem que mora no bairro desde os sete anos.
Apesar de ser uma das 'privilegiadas' do bairro, pois já que “há algum tempo” tem água em casa, queixa-se ainda do tempo “que as facturas da água levam a chegar. Chegam sempre atrasadas. Se não corrermos, cortam-nos a água”, diz, acrescentando não saber se é “só por culpa da EPAL, ou também dos serviços de correio”.
A mesma crítica é apontada pelo presidente da Junta, que afirma que as facturas quase sempre “chegam muito perto da data limite” de pagamento. “Isto aumenta ainda mais as dificuldades que as pessoas têm de pagar as contas. Se se atrasarem um pouco, a EPAL vem e corta-lhes a água”. E a EPAL nem “permite que as pessoas paguem as dívidas a prestações”, algo que considera “incrível” 1.
Em pleno século XXI, enquanto uns labutam para pagar a conta da água a tempo e horas, outros lutam apenas para ter água. Já nem o bicentenário Aqueduto lhes vale.
Muitos dos pátios estreitos têm uma única torneira com contador, que é partilhada por seis ou mais famílias, o que, “apesar de ser chato, sempre acaba por ser mais prático” do que ir ao chafariz.
O pior é “quando chega a conta. Dividimo-la entre todos. Apesar de não ser justo e dar sempre confusão, é a única maneira de termos acesso à água”, explica uma moradora, feliz por já não ter de subir uma rua íngreme até ao chafariz, encostado ao Aqueduto das Águas (dantes) Livres.
Perante a realidade que ainda se vive nestas ruas estreitas de casas degradadas, é esse mesmo Aqueduto, que um dia abasteceu de água a capital lisboeta, a única referência que permite perceber que é um bairro de Lisboa e não de outro lugar qualquer.
São pessoas que vivem em condições que nem no terceiro Mundo existem. Muitos vivem em apartamentos que não têm água nenhuma, nem canalizada, nem nada. Têm de ir aos chafarizes para se lavarem, cozinharem, para lavarem a loiça, para tudo. “E o pior é que não estamos a falar de pessoas jovens. Infelizmente, a maioria, são pessoas de idade e comprovativamente carenciadas, o que é gravíssimo. São reformados que não podem trabalhar e a quem é negado o direito de viverem condignamente. É uma hipocrisia tremenda”.
Instalar água canalizada em casa está “fora das suas possibilidades financeiras”, pois tal implica “custos que estas pessoas não conseguem suportar. Com uma pensão de 130 euros como é que alguém vai arranjar 1.200 ou 1.500 para pôr água em casa?”, devido aos preços praticados pela EPAL, nem para “instalar um simples cano”.
“Dizem que o bairro vai abaixo, por isso fomos esquecidos. Mas isto nunca mais vai abaixo. É complicado para muita gente que se vê obrigada a transportar bilhas e garrafões. O senhor lá da Câmara devia pensar que isto também precisa de condições. Há casas abandonadas, cheias de ratos e de porcaria, com um cheiro que não se pode”, acrescenta uma jovem que mora no bairro desde os sete anos.
Apesar de ser uma das 'privilegiadas' do bairro, pois já que “há algum tempo” tem água em casa, queixa-se ainda do tempo “que as facturas da água levam a chegar. Chegam sempre atrasadas. Se não corrermos, cortam-nos a água”, diz, acrescentando não saber se é “só por culpa da EPAL, ou também dos serviços de correio”.
A mesma crítica é apontada pelo presidente da Junta, que afirma que as facturas quase sempre “chegam muito perto da data limite” de pagamento. “Isto aumenta ainda mais as dificuldades que as pessoas têm de pagar as contas. Se se atrasarem um pouco, a EPAL vem e corta-lhes a água”. E a EPAL nem “permite que as pessoas paguem as dívidas a prestações”, algo que considera “incrível” 1.
Em pleno século XXI, enquanto uns labutam para pagar a conta da água a tempo e horas, outros lutam apenas para ter água. Já nem o bicentenário Aqueduto lhes vale.
1. Ver Lusa doc. nº 9184646, 09/01/2009 - 09:18
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