19/08/2009

Associações portuguesas contra o cultivo de cravos azuis transgénicos

Até ao final do mês de Agosto, uma petição on-line quer sensibilizar o Ministério do Ambiente da Holanda a recuar na decisão de autorizar o cultivo de cravos transgénicos e a European Food Safety Authority (EFSA) a não o autorizar.
O cravo Moonaqua (TM) já é cultivado no Equador e exportado para todo o mundo. E se a EFSA o autorizar, o cravo será o primeiro produto não alimentar transgénico a ser produzido na Europa.
A petição europeia contra a autorização do cultivo de cravos transgénicos tem o apoio das associações anti-transgénicos portuguesas, que querem os cravos ‘naturais’. Disponível em várias línguas, a petição está a mobilizar as associações contra os organismos geneticamente modificados (OGM) 1.

"Os cravos devem ter a cor que a natureza lhes deu: rosa, branco, encarnado".

Em Portugal, a petição tem merecido particular atenção por parte das associações anti-transgénicos. “Com a autorização do cultivo de cravos geneticamente modificados na Europa, acaba o mito de que os transgénicos existem apenas para aumentar a produção de produtos agrícolas e acabar com a fome no mundo”, realça a bióloga e coordenadora da Plataforma Transgénicos Fora.
“Se nada for feito, dentro de poucas semanas, começam a ser cultivados cravos azuis na Holanda. Depois da Holanda, rapidamente serão cultivados em toda a Europa. Para testar sobre a segurança destas flores, foram utilizadas células embrionárias de ratos e humanos e, tudo isto, por uma mudança de cor. Existe uma grande variedade de cravos com belas cores em todo o globo, não precisamos de cores artificiais”, refere o texto da petição.
O milho e a soja são as variedades agrícolas que mais usam as sementes geneticamente modificadas. “É claro que com o cultivo de cravos azuis geneticamente modificados, os cravos vermelhos que são a marca da revolução de Abril de 1974 vão continuar a ser cultivados e a ser o símbolo de Portugal. Mas há toda a ética e uma moral que cai por terra”, salienta um dos subscritores da petição. “Até agora, só era permitido o cultivo de transgénicos enquanto variedade agrícola. Com o cultivo de cravos azuis na Holanda, é aberto um precedente que nunca mais terá fim”.
“O lucro comercial está a sobrepor-se a tudo o resto. Uma coisa é o necessário melhoramento das sementes, outra coisa é modificar geneticamente as sementes para que elas resistam a pragas e sejam muito mais rentáveis”, explica a coordenadora da Plataforma Transgénicos Fora 2.

Os riscos ambientais que estas plantas ornamentais transgénicas acarretam não se justificam. "É muito difícil justificar os riscos que os transgénicos trazem só para enfeitar a sala. Andam a tentar convencer-nos que os transgénicos devem ser aceites só para matar a fome no mundo. O que vemos no mercado nada tem a ver com matar a fome. Tem a ver com fins financeiros ou com coisas que despertam a curiosidade das pessoas" 3.


1. A petição pode ser consultada em www.gentechvrij.nl


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