16/08/2009

Valorsul sem capacidade para receber resíduos

A unidade de incineração da Valorsul não tem, na prática, capacidade excedentária necessária para receber resíduos da Resioeste, ao contrário do que argumenta o Governo, que pretende ‘forçar’ a união entre estas duas entidades.
Esta é a denuncia feita por associações ambientalistas que se uniram numa Plataforma para exigir explicações. As associações que defendem esta ideia e que integram a plataforma são a Quercus, a Associação de Defesa do Ambiente e do Património de Loures e o Movimento Pró-Informação para a Cidadania e Ambiente.
Numa carta enviada na 6ª fª à Secretaria de Estado do Ambiente, a Plataforma da oposição à Fusão Valorsul-Resioeste pede esclarecimentos “sobre quais os dados que sustentam a opinião do ministério de que existe capacidade excedentária na unidade de incineração da Valorsul para receber resíduos da Resioeste”.
O objectivo deste grupo é «desmontar» o argumento do Governo para justificar a fusão, realçando que tal capacidade excedentária «não existe na prática», tal como o demonstram «as grandes quantidades de resíduos passíveis de incineração (sempre superior a 130 toneladas) que, entre 2005 e 2007, foram enviadas para aterro».
O Ministério do Ambiente tem vindo a defender as “claras vantagens ambientais” da fusão entre os dois sistemas que poderiam permitir diminuir a deposição de mais de 100 mil toneladas de resíduos em aterro por ano, bem como maximizar a capacidade de utilização das infra-estruturas da Valorusul e poupar dinheiro.
Porém, visto que a tutela “não apresenta qualquer tipo de dados que provem a existência dessa capacidade excedentária”, a Quercus explica que a plataforma foi buscar os números dos encargos da Valorsul, que mostram que “em 2006 um total de 569.823 toneladas de resíduos foram para incineração e 176.707 para aterro sanitário”.
Já em 2007, os mesmos dados mostram que “474.487 toneladas de resíduos foram incinerados e 212.666 toneladas foram para aterro sanitário. A maioria destes resíduos são provenientes das câmaras que integram a Valorsul. São resíduos que à partida poderiam ser incinerados mas que não o são pelos simples facto de que o incinerador da Valorsul não tem capacidade suficiente”, sublinham os ambientalistas.
A plataforma diz “não está contra a fusão”, mas contra a forma como está a ser apresentada pelo Governo sem “qualquer tipo de alternativas e onde nada se acrescenta: é apenas um somatório de um aterro da Resioeste e de um incinerador e aterro da Valorsul”.
Os ambientalistas defendem ainda que os resíduos da região da Resioeste, deveriam passar, antes de serem enviados para aterro ou incineração, por um sistema de Tratamento Mecânico e Biológico, processo que «permitirá reciclar entre 60 a 80% dos resíduos indiferenciados antes de estes serem encaminhados».
O conjunto de associações ambientalistas denuncia ainda que o estudo técnico-económico da fusão que foi apresentado aos municípios da Resioeste «não considera todos os pressupostos». Os ambientalistas acusaram também o Governo de estar a “trabalhar com duas caras”.

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