24/10/2008

Abandono e degradação são sinónimo de incúria municipal

Em pleno centro de Lisboa, o Jardim do Campo Grande há muito que deixou de ser um espaço de lazer e convívio. Muitos são aqueles que evitam passar naquela zona com medo de serem assaltados. “Este sítio já não é aconselhável para se passear”, lamentou um reformado que vai ao jardim para passar o tempo. “Aos domingos costumo comprar o jornal e sentar-me num destes bancos a ler, mas nunca estou descansado. Estou sempre a olhar em volta com medo”.
Com efeito, ainda antes de ontem à tarde, a PSP deteve dois homens que ameaçaram um casal com uma arma branca para lhes levarem os bens de valor que traziam. Segundo fonte policial, os indivíduos foram apanhados em flagrante delito, cerca das 18h15.

Do lado sul, a piscina municipal existente no meio do espaço verde - outrora um local de lazer -, está completamente destruída. “Antigamente vinham para aqui famílias inteiras para momentos de convívio. Hoje em dia as pessoas passam à volta com medo”, explicou um destemido frequentador daquele espaço. Há vários anos “costumava deixar as minhas filhas virem para aqui andar de bicicleta. Hoje as únicas bicicletas que se vêm por aqui são as dos gatunos que passam para assaltar as pessoas”, contou o utente do espaço. Outra pessoa que circulava naquela zona contou que “um destes dias apareceu ali, num café, um indivíduo todo nu a pedir dinheiro para apanhar um táxi para casa. Tinham-lhe levado tudo menos as cuecas”.
Ao longo do jardim são visíveis as marcas de degradação e abandono e nem existem condições para as pessoas frequentarem o espaço. Desde o lago dos barcos, até aos dois court de ténis e ao ringue de patinagem, que se encontram em avançado estado de deterioração, mesmo em frente ao quase abandonado e falido Caleidoscópio.
Também os alunos da Universidade Lusófona, situada no topo nascente do Campo Grande, se queixam: “temos de passar aqui todos os dias, mas cada vez temos mais medo”, explica uma estudante que atravessa o jardim diariamente e são “principalmente as raparigas têm de ter muito cuidado. Ao final da tarde é a altura mais perigosa” 1.
Trata-se de um ainda frondoso parque da cidade que, no entanto, tem desde há anos dois projectos alternativos de reabilitação, com dois orçamentos distintos, mas à espera de uma decisão do município 2. Até quando?
O Grupo Municipal de “Os Verdes” bem interrogou o executivo camarário por requerimento, em início de Julho, mas até ao momento não obteve respostas concretas.

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