16/10/2008

O carro eléctrico e um eléctrico chamado desejo

Nota prévia: Chegou, finalmente, a vez de este blogue receber a prestimosa colaboração de outro colega 1, que aqui desde já se agradece.

«Não há dúvida que a mobilidade passará num futuro próximo por automóveis eléctricos, nem que seja por a extracção de petróleo se tornar cada vez mais cara, ao passo que a electricidade não está dependente de uma única fonte primária de energia. Há de facto algumas vantagens ambientais face a um automóvel convencional - mesmo contando com o actual mix energético português - como uma menor emissão de CO2, e emissão zero de poluentes de impacto local como as partículas.
O Estado abriu generosamente os cordões à bolsa para introduzir o carro eléctrico no país, através de subsídios directos para a Renault-Renault, desculpando o imposto sobre combustíveis, o imposto automóvel e o imposto de circulação e indirectamente através dos preços baixos da electricidade (dado os seus custos de produção e ambientais).
Ao desculpar o ISP, os carros eléctricos não contribuem para as infra-estruturas rodoviárias do país, ao desculpar o IA (onde 70% depende do impacto ambiental) o Estado diz que o carro eléctrico é ambientalmente perfeito. Pior, o primeiro-ministro já assegurou que estaria disponível para ir mais longe financeiramente, se isto tudo não fosse suficiente.
O que não se compreende é a razão pela qual o governo decide apostar tanto numa tecnologia ainda pouco desenvolvida, muito cara e cujos benefícios não são claros. Isto quando há uma alternativa mais que testada e desenvolvida, uma alternativa económica e ambientalmente sustentável e com melhores resultados imediatos garantidos.
Uma alternativa chamada transportes públicos.
Seja qual for a perspectiva (ambiental, custos económicos, infra-estruturas necessárias, sustentabilidade, sinistralidade, ocupação do espaço urbano e congestionamento, etc...) pela qual se compare um carro eléctrico a um autocarro a diesel, o segundo fica sempre a ganhar. E nesta alternativa não se vê o mínimo de empenho, político e financeiro, do governo, num país que segundo a Eurostat fica em segundo lugar na UE27 em termos de maior peso do automóvel nas deslocações.
O automóvel eléctrico é-nos apresentado como uma solução muito moderna, mas ironicamente há transportes públicos em Portugal que, embora desprezados, há mais de um século que se movem a... electricidade» 2.

1. Com um especial cumprimento ao Miguel Carvalho, co-autor do blogue ‘Menos Um Carro’
http://menos1carro.blogs.sapo.pt
2. Ver www.osverdes.pt/contactov.asp?edt=51

1 comentário:

Anónimo disse...

Obrigado pelas palavras!

Infelizmente só agora reparei que a minha correcção de última hora antes de enviar o texto, de "Nissan-Renault" para "Renault-Nissan", se ficou a meio por "Renault-Renault".

Mas o essencial está lá

saudações verdes