30/10/2008

Polémica no projecto para alargamento do terminal de contentores

A oposição camarária de Lisboa manifestou-se ontem à tarde contra o alargamento do terminal de contentores de Alcântara, questionando a sua necessidade, localização e a maneira como o processo de concessão foi conduzido e adjudicado pelo Governo.
Na reunião do executivo, marcada pela discussão do projecto da Administração do Porto de Lisboa (APL) para triplicar a capacidade do terminal, PSD, PCP e os movimentos de ‘Cidadãos por Lisboa’ (CPL) e ‘Lisboa com Carmona’ (LCC) começaram por criticar a inclusão do assunto no período antes da ordem do dia, com todos a reclamarem uma reunião extraordinária dedicada apenas a este assunto.
Os vereadores da oposição argumentaram que apenas naquela ficaram a conhecer o projecto pela primeira vez, sem documentação e sem tempo para o analisar, não se opondo a que o presidente da APL apresentasse o projecto.
O PSD questionou onde estavam os “benefícios para a cidade” com o alargamento do terminal, lamentando ainda que a população de Lisboa tenha sido “excluída da discussão do projecto”.
O movimento CPL acusou Governo e APL de “inconsciência” ao não ter sido feita uma avaliação ambiental estratégica das obras previstas no projecto, que incluem a construção de nós ferroviários e o alargamento da plataforma de depósito de contentores, defendendo que há localizações alternativas para o terminal e criticando a extensão até 2042 da concessão à empresa Liscont.
Um dos vereadores do movimento LCC questionou o argumento do aumento de competitividade invocado pela APL para justificar o alargamento do terminal, referindo que “o porto de Lisboa é um dos mais caros da Europa” devido aos preços que pratica.
Para o vereador do BE coligado com a maioria socialista, “nada do que foi apresentado é definitivo” e frisando que todas as obras do projecto terão ainda que ser sujeitas a avaliações de impacto ambiental. [Recorda-se que as obras já tiveram início].
Pelo PCP, o vereador Ruben de Carvalho criticou a ausência de um plano de impacto ambiental, afirmando que “isto não é metodologia”, tendo classificado de “inaceitável” o prolongamento da concessão à Liscont.
Ainda num comunicado distribuído pelo PCP à margem da reunião da CML, os vereadores comunistas, que ressalvam não se opor categoricamente à localização do terminal em Alcântara questionaram “os fundamentos, a estabilidade e a sustentabilidade” da opção de alargamento, defendendo uma gestão portuária que não esteja sujeita “aos interesses privados que incidem sobre a zona do domínio portuário” 1.
Em frente aos Paços do Concelho, à entrada para a reunião, membros do Sindicato dos Estivadores manifestaram-se e acusaram o movimento cívico “Lisboa é dos cidadãos, mais contentores não!”, que contesta a expansão do terminal, de ignorar o “impacto social e financeiro” do projecto e da actividade do Porto de Lisboa 2.
Aliás, a direcção do Sindicato afirmou que “o crescimento da actividade do porto, com o alargamento do terminal, pode vir a representar a criação de postos de trabalho em grande número, entre 500 e 600”.
Mas para o escritor e jornalista Sousa Tavares que afirmou ter sido convidado para uma “discussão na Câmara” sobre o projecto em que a APL também estaria representada, acabou por abandonar o edifício da autarquia sob escolta policial, por razões de segurança, como o próprio admitiu aos jornalistas, sustendo que o protesto dos estivadores resultava de uma acção concertada.
“Estão a ser manipulados porque lhes deram uma informação falsa. Os postos de trabalho deles não estão ameaçados”, afirmou, escusando-se a concretizar quem estará a manipular os trabalhadores 3.

1. Ver
http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=370433&visual=26&rss=0
2. Ver http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/438886
3. Ver www.destak.pt/artigos.php?art=15371

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