29/10/2008

Mapa-mundo da água potável subterrânea

A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) anunciou ter concluído esta semana o projecto de cartografar os hídricos subterrâneos a nível planetário. Um primeiro esboço do mapa foi esta 2ª fª submetido à Assembleia-Geral das ONU.
Quase 96% da água potável disponível no mundo corre debaixo do chão, em aquíferos subterrâneos que escapam à geografia política que ordena o mundo à superfície A maior parte, atravessa diferentes países. Um recurso estratégico essencial para o futuro do planeta, que pela primeira vez é objecto de um levantamento exaustivo e global, pois está a ser cartografado e avaliado com vista a tentar instituir regras de gestão global.
De acordo com o relatório já divulgado pela organização, o volume de água destes aquíferos, que atravessam o subsolo de vários países, nos cinco continentes, é cerca de cem vezes superior ao existente na superfície da Terra, fornecendo, por exemplo, mais de 70% de toda a água consumida na UE. No entanto, apesar da sua importância estratégica, nunca tinha sido elaborado, até agora, um levantamento global destes cursos de água transfronteiriços.
Alem de identificar no mapa a sua localização e percurso, o estudo agora divulgado pela Unesco avalia ainda a qualidade da água subterrânea para o consumo humano e o seu nível de renovação. No total, este levantamento abrange 273 aquíferos subterrâneos partilhados por, pelo menos, dois países, dos quais 90 se encontram na Europa Ocidental.
Mas este é também um mapa de risco. De acordo com o Programa Hidrológico Internacional da Unesco, nem todos os aquíferos identificados são renováveis. Boa parte dos que se encontram no Norte de África e na Península Arábica, por exemplo, formam-se há mais de dez mil anos, numa época e que o clima era mais húmido, e os níveis de pluviosidade de hoje são já manifestamente insuficientes para assegurar a sua renovação. Noutros casos, a capacidade de renovação natural mantém-se mas e o perigo surge pela acção humana, seja através da sua sobre-exploração - como acontece em boa parte da costa mediterrânica - seja devido aos altos níveis de poluição.
Para evitar que o mesmo aconteça com outros cursos de água, adverte a Unesco, é necessário criar mecanismos internacionais para a gestão destes recursos. Nesse sentido, a Assembleia-Geral das Nações Unidas deverá elaborar um documento que servirá de base a uma futura Convenção sobre Aquíferos Transfronteiriços, um diploma que vai obrigar os Estados a preservar estes recursos e a cooperar no controlo da poluição que os ameaça.

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