18/12/2008

A crise natalícia

A uma semana do Natal, os pais fazem contas de cabeça para comprar as prendas para os filhos. A crise e a condição de alguns - desempregados - tornam esta tarefa mais penosa, obrigando-os a procurar as promoções nas prateleiras dos hipermercados.
As lojas estão repletas de brinquedos, prontas a responder ao consumismo dos portugueses, que se agrava na época natalícia. Pelo que, segundo um estudo de uma consultora, as famílias portuguesas vão gastar menos 4,9% em prendas em relação ao ano passado.


Um pai de duas meninas, de cinco e dez anos, confessou que este ano não vai poder responder aos pedidos que as filhas lhe fizeram: uma consola de jogos e um ‘palácio de princesas’. É que “estou desempregado há seis meses e pela primeira vez não vou poder oferecer-lhes o que elas querem, mas vou tentar dar-lhes brinquedos mais simples que elas também gostem”, diz, enquanto sonha e os seus olhos percorrem os longos corredores de um hipermercado cheios destes artigos.
Este pai junta-se a muitos portugueses (77%) que, segundo o referido estudo, declararam que têm um poder de compra inferior ao do ano passado e que o rendimento disponível para as compras de Natal também é mais reduzido.
Outra mãe diz que já comprou o presente de Natal para o filho mais velho de cinco anos, mas, devido à crise, teve de escolher um entre os vários pedidos que foram feitos pelo pequeno. “Se não estivéssemos em tempo de crise se calhar comprava mais prendas, mas assim tentei dar uma prenda que ele gostasse mesmo”.
Na época natalícia, o sortido de brinquedos nas lojas é sempre mais alargado do que no resto do ano e as televisões e os hipermercados promovem agressivas campanhas de desconto a produtos atractivos para as crianças. Os brinquedos a comercializar têm em consideração as apostas dos fabricantes e fornecedores, as campanhas de publicidade e as tendências de consumo que se vão identificando ao longo do ano, muitas vezes decorrentes de grandes sucessos de séries infantis e de filmes, capitalizadas na época natalícia.
No entanto, a crise económica gera “alguma insegurança” no consumidor, levando-o a procurar os melhores preços. Assim, como poderão as crianças não sair afectadas pela crise que tanto afecta os orçamentos familiares?

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