26/12/2008

Defeitos graves de construção provocam ‘aquaplaning’

O Observatório de Segurança de Estradas e Cidades (OSEC) detectou “defeitos graves” de construção em troços de pelo menos sete vias rápidas à volta de Lisboa que provocam fenómenos de “aquaplaning” responsáveis por vários acidentes.
Segundo um documento produzido por aquele organismo não governamental, foram analisados troços da CRIL, das auto-estradas A8 (Oeste), A5 (Lisboa/Cascais), A2 (Lisboa/Algarve) e A12 (Montijo/Seixal), do IP7 (designadamente o Eixo Norte/Sul) e do IC32 (Circular da Península de Setúbal/Funchalinho/Coina).
De acordo com o OSEC, os “defeitos graves de construção”, sobretudo em vias rápidas, provocam fenómenos de hidroplanagem (aquaplaning) “com perigo extremo de despiste, susceptíveis de acontecer a partir dos 76 a 85 Km/h, sob chuvadas muito frequentes, de intensidade fraca e média”.
“Estas condições de grave perigo surpreendem os condutores que circulam a uma gama de velocidades para as quais obrigatoriamente os responsáveis administrativos deveriam ter observado as normas técnicas de segurança e que se destinam a prevenir e obviar aos perigos de hidroplanagem”.
Diz o OSEC que os pavimentos destas estradas “apresentam macrorugosidades deficientes” e os sistemas de drenagem das linhas de água pluviais não são adequados, fazendo com que a água da chuva se acumule em determinados locais do pavimento. “Nessas estradas, assinalam-se numerosas zonas onde as linhas de água apresentam extensões inaceitáveis na ordem dos 47 a 105 metros de comprimento, quando não poderiam ser superiores a três a cinco metros”.
No início da semana, o OSEC percorreu “centenas de quilómetros da A2 para o Algarve e na Via do Infante para detectar as zonas críticas de perigos de hidroplanagem. Este trabalho é feito com equipamento que percorre a via e transmite as coordenadas do traçado para um computador”.
Após os resultados, o OSEC enviou um ofício ao Ministério das Obras Públicas, solicitando, com urgência, “que se promovam medidas de verdade e eficácia na segurança rodoviária” que promovam uma “profunda remodelação das instituições do Estado e entidades públicas, incluindo a sociedade de capitais públicos Estradas de Portugal SA, passando pelo departamento de Transportes do LNEC”.
Os responsáveis do OSEC defendem ainda que os valores da economia de custos e da comodidade por vezes prevalecem relativamente aos da segurança. “As entidades referidas não estabelecem os valores mínimos de segurança sobre os diversos items de construção e manutenção de uma estrada, assumindo um discurso vago”.
O documento do Observatório deverá agora ser enviado ao Presidente da República, ao primeiro-ministro e à empresa Estradas de Portugal, SA.

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