Quando chegarem os primeiros foliões à Praça do Comércio, para festejarem o Réveillon de 2008, dezenas de sem-abrigo terão de se preparar para passar uma noite longe daquele local, que consideram a sua 'casa'.
Alguns, dos cerca de 80 sem-abrigo, terão de abandonar o barulho e o brilho de um espectáculo que não rima com a insignificância em que vivem.
A maioria não tem alternativa e sabe que se decidir pernoitar nas arcadas arrisca-se a sofrer na pele - como em anos anteriores - as risadas dos foliões, episódios de violência física e até roubos, ficando sem o pouco que tem. Depois há ainda os que, mesmo querendo ali permanecer nestas noites, são vítimas do efeito de ‘varredura’, promovida pelas autoridades, que policiam os Ministérios.
Alguns, dos cerca de 80 sem-abrigo, terão de abandonar o barulho e o brilho de um espectáculo que não rima com a insignificância em que vivem.
A maioria não tem alternativa e sabe que se decidir pernoitar nas arcadas arrisca-se a sofrer na pele - como em anos anteriores - as risadas dos foliões, episódios de violência física e até roubos, ficando sem o pouco que tem. Depois há ainda os que, mesmo querendo ali permanecer nestas noites, são vítimas do efeito de ‘varredura’, promovida pelas autoridades, que policiam os Ministérios.
A D. Amélia Martins 1 já sabe qual vai ser o seu trajecto esta noite: “Pego nas minhas coisinhas e se calhar vou para a Praça da Alegria”, diz a mulher de 61 anos, que até tem um filho [Amadeu da Conceição Martins], professor, que “até dá aulas aqui perto [Cais do Sodré]”. Na última vez que passou ali o Réveillon um grupo de jovens alcoolizados roubou-lhe o cesto das moedas, que tinha juntado ao longo do dia. Depois, “quando já acabou a cantoria começam a bater-nos e a destapar-nos”.
No caso do temporário migrante Joaquim (não diz o apelido), oriundo de Santa Comba Dão, é mais fácil, já que pouco mais tem para carregar do que três caixas de papelão, uma manta e um garrafão.
“Você já se imaginou sentar nesta esplanada e pagar bem pelo que vai comer e ter como vista estas pessoas?”, questiona o proprietário do mítico café ‘Martinho da Arcada’. Um cenário real, diga-se. Sentados numa das cadeiras do estabelecimento, dá-se directamente de caras com a D. Amélia, a fazer as necessidades para dentro de um bacio de plástico, que depois coloca no caixote do lixo. “Já a vieram buscar e a outros, mas regressam sempre. Este cenário afasta a clientela. Já fizemos um abaixo-assinado em Agosto por causa destes sem-abrigo e as autoridades não fazem nada”, queixa-se o empresário.
O coordenador das equipas de apoio da 'Comunidade Vida e Paz' estima que, além do abandono de idosos pelas famílias, a toxicodependência e alcoolismo são os problemas que afectam mais aquela população. “Este ano já chegamos a apoiar mais de 80 pessoas só naquela área com uma importância patrimonial enorme, paralela ao drama humano que ali se vive”, descreve o psicólogo, que há 20 anos acompanha de perto aquele problema social nas Arcadas do Terreiro do Paço 2.
Afastados por uma noite do local, escondida a ‘vergonha social’, no dia seguinte o batalhão dos sem-abrigo pode voltar aos seus T0, bem debaixo das arcadas dos Ministérios das Finanças e da Administração Interna, na Praça do Comércio 3.
No caso do temporário migrante Joaquim (não diz o apelido), oriundo de Santa Comba Dão, é mais fácil, já que pouco mais tem para carregar do que três caixas de papelão, uma manta e um garrafão.
“Você já se imaginou sentar nesta esplanada e pagar bem pelo que vai comer e ter como vista estas pessoas?”, questiona o proprietário do mítico café ‘Martinho da Arcada’. Um cenário real, diga-se. Sentados numa das cadeiras do estabelecimento, dá-se directamente de caras com a D. Amélia, a fazer as necessidades para dentro de um bacio de plástico, que depois coloca no caixote do lixo. “Já a vieram buscar e a outros, mas regressam sempre. Este cenário afasta a clientela. Já fizemos um abaixo-assinado em Agosto por causa destes sem-abrigo e as autoridades não fazem nada”, queixa-se o empresário.
O coordenador das equipas de apoio da 'Comunidade Vida e Paz' estima que, além do abandono de idosos pelas famílias, a toxicodependência e alcoolismo são os problemas que afectam mais aquela população. “Este ano já chegamos a apoiar mais de 80 pessoas só naquela área com uma importância patrimonial enorme, paralela ao drama humano que ali se vive”, descreve o psicólogo, que há 20 anos acompanha de perto aquele problema social nas Arcadas do Terreiro do Paço 2.
Afastados por uma noite do local, escondida a ‘vergonha social’, no dia seguinte o batalhão dos sem-abrigo pode voltar aos seus T0, bem debaixo das arcadas dos Ministérios das Finanças e da Administração Interna, na Praça do Comércio 3.
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